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Itália está em choque com o norte em quarentena para evitar disseminação do coronavírus

Por Eliza Anzolin, Francesca Landini, Valentina Za, Elvira Pollina, Giulio Piovaccari, Emilio Parodi, Gianluca Semeraro e James Mackenzie em Milão, Crispian Balmer, Angelo Amante e Gavin Jones em Roma

08/03/2020 12h51

A Itália praticamente sitiou a sua rica região norte, neste domingo (8), inclusive a capital financeira Milão, em uma nova e drástica tentativa de tentar conter o surto crescente de coronavírus no país.

As restrições sem precedentes, que buscam limitar aglomerações e a movimentação de pessoas, causarão impacto em aproximadamente 16 milhões de pessoas e estarão em vigor até 3 de abril. Foram assinadas como lei durante a noite pelo primeiro-ministro Giuseppe Conte.

Pelas novas medidas, as pessoas não podem entrar na Lombardia, região mais rica da Itália, ou deixá-la, assim como em 14 províncias de outras quatro regiões, incluindo as cidades de Veneza, Modena, Parma, Piacenza, Reggio Emilia e Rimini.

Conte afirmou que ninguém pode se locomover entre essas áreas, ou dentro delas, a não ser que provem motivos relacionados ao trabalho ou a problemas de saúde. Licenças foram canceladas para profissionais de saúde.

"Estamos enfrentando uma emergência nacional. Escolhemos desde o começo tomar o caminho da verdade e da transparência e agora estamos nos mexendo com lucidez e coragem, com firmeza e determinação", disse Conte a repórteres, no meio da noite.

"Temos que limitar a disseminação do vírus e evitar que nossos hospitais fiquem sobrecarregados", disse.

A Itália foi atingida com mais força pela crise do que qualquer outro lugar da Europa até agora, com o número de casos de coronavírus pulando mais de 1.200 em um período de 24 horas —o maior crescimento diário desde que a epidemia começou no país duas semanas atrás.

A última contagem total de casos estava 5.883, com 233 mortes.

Antonio Pesenti, chefe da unidade de resposta à crise na Lombardia, afirmou ao jornal "Corriere della Sera" que o sistema de saúde na Lombardia estava "a um passo de entrar em colapso" porque as instalações de tratamento intensivo estão cada vez mais pressionadas pelos novos casos.

"Estamos sendo forçados a estabelecer tratamento intensivo em corredores, em salas de cirurgia e recuperação. Esvaziamos seções inteiras do hospital para dar lugar a pessoas gravemente doentes", afirmou.

A bolsa de valores de Milão, que caiu 17% em seu índice de ações desde o começo da crise, em fevereiro, estava programada para abrir normalmente na segunda-feira, mas um operador afirmou que esperava "uma violenta liquidação" enquanto o mercado digere o bloqueio ao coração econômico da Itália.

A Organização Mundial de Saúde afirmou que apoia totalmente as ações da Itália, em linha com suas orientações de que governos devem tentar o máximo possível conter a disseminação do vírus.