Coronavírus: Itália restringe movimento de 16 milhões de pessoas e 'fecha' cidades
A Itália colocou até 16 milhões de pessoas em quarentena enquanto luta para conter a disseminação do coronavírus.
Qualquer pessoa que viva na Lombardia e em 14 outras províncias do centro e do norte precisará de permissão especial para viajar. Milão e Veneza foram afetadas.
O primeiro-ministro Giuseppe Conte também anunciou o fechamento de escolas, academias, museus, boates e outros locais em todo o país.
As medidas, as mais radicais tomadas fora da China, durarão até 3 de abril.
A Itália tem o maior número de casos de coronavírus na Europa e relatou um aumento acentuado de infecções no sábado (7). As novas medidas estritas de quarentena afetam um quarto da população italiana e concentram-se na parte norte do país, que alimenta sua economia.
O número de mortos na Itália passou de 230, com autoridades registrando mais de 36 em 24 horas. O número de casos confirmados aumentou em mais de 1.200 para 5.883 no sábado.
"Queremos garantir a saúde de nossos cidadãos. Entendemos que essas medidas imporão sacrifícios, às vezes pequenos e às vezes muito grandes", disse Conte no início do domingo (8).
Sob as novas medidas, as pessoas não devem poder entrar ou sair de toda a região norte da Lombardia, lar de 10 milhões de pessoas, exceto em casos de emergência. Milão é a principal cidade da região.
As mesmas restrições se aplicam a 14 províncias: Modena, Parma, Placência, Reggio Emilia, Rimini, Pesaro e Urbino, Alexandria, Asti, Novara, Verbano Cusio Ossola, Vercelli, Pádua, Treviso e Veneza.
"Não haverá movimento dentro ou fora dessas áreas, ou dentro delas, a menos que por razões comprovadas relacionadas ao trabalho, emergências ou razões de saúde", disse Conte a repórteres.
"Estamos diante de uma emergência, uma emergência nacional. Temos que limitar a propagação do vírus e impedir que nossos hospitais sejam sobrecarregados".
No entanto, o transporte dentro e fora das regiões afetadas continua. Pelo menos sete voos de outras cidades europeias chegaram ao aeroporto de Milão na manhã de domingo, segundo sites de rastreamento de voos.
Como funcionarão as restrições?
Casamentos e funerais foram suspensos, além de eventos religiosos e culturais. Cinemas, boates, academias, piscinas públicas, museus e estações de esqui foram fechados.
Restaurantes e cafés nas zonas em quarentena podem abrir entre as 06h e as 18h, mas os clientes devem sentar-se a pelo menos 1 metro de distância.
As pessoas foram instruídas a ficar em casa o máximo possível, e aqueles que quebram a quarentena podem enfrentar três meses de prisão.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselhou a Itália a se concentrar nas medidas de contenção de vírus à medida que as infecções se espalham no país.
Os planos ecoam a quarentena forçada de milhões de pessoas na China, que a OMS elogiou por impedir a propagação do vírus.
A Itália também disse que começará a recrutar médicos aposentados em um esforço para combater o aumento do surto.
Análise de Mark Lowen, Correspondente da BBC em Roma
Foi amplamente discutido aqui que a semana que acabou de terminar foi crítica para verificar se a resposta do coronavírus da Itália conseguiu impedir a disseminação. Se os números começassem a diminuir, isso teria sugerido que as medidas de contenção haviam funcionado. Mas isso não aconteceu.
Com os casos ainda aumentando, o governo passou para a próxima etapa —e é um passo dramático. Não é um bloqueio completo —aviões e trens ainda estão funcionando e o acesso será permitido por motivos de emergência ou de trabalho essencial. Mas a polícia poderá parar as pessoas e perguntar por que elas estão tentando entrar ou sair das áreas cobertas.
A questão é se isso vem tarde demais. Acredita-se que o vírus circulava na Itália por semanas antes de ser detectado. E já houve casos em todas as 22 regiões do país. O governo agora está adotando as mais amplas medidas de contenção fora da China. Mas seria este um caso em que tenta-se fechar a porta do estábulo depois que o cavalo dispara?
Até agora, apenas cerca de 50 mil pessoas no norte da Itália haviam sido afetadas por medidas de quarentena.
Na semana passada, o governo anunciou o fechamento de todas as escolas e universidades em todo o país por 10 dias.
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