Presidente do México propõe bloco regional nos moldes da União Europeia
Por David Alire Garcia e Noe Torres
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - A América Latina e países do Caribe deveriam aspirar a um bloco regional similar à União Europeia, afirmou o presidente do México neste sábado em uma cúpula que mira retirar influência diplomática das mãos da Organização dos Estados Americanos (OEA), sediada em Washington.
Anfitrião da cúpula, o presidente Andrés Manuel López Obrador disse a quase 20 presidentes e primeiros-ministros na cerimônia de abertura da reunião da Comunidade dos Estados Latino Americanos e Caribenhos (Celac) que o bloco poderia impulsionar melhor as economias de região acometidas pela desigualdade, e também enfrentar crises de saúde e de outras naturezas.
“Nestes tempos, a Celac pode se tornar o principal instrumento para consolidar as relações entre nossas nações latino-americanas e caribenhas”, disse, na cerimônia de abertura, realizada no palácio nacional no centro da Cidade do México.
“Deveríamos construir no continente americano algo similar ao que foi a comunidade econômica que foi o início da atual União Europeia”, acrescentou, enfatizando a necessidade de respeitar a soberania das nações da região.
O começo da cúpula focou nos líderes de centro-esquerda da região, incluindo o novo presidente do Peru, Pedro Castillo, Miguel Díaz-Canel, de Cuba, e Nicolás Maduro, da Venezuela.
Nenhum representante do governo Jair Bolsonaro compareceu.
Mas alguns pontos de tensão surgiram, incluindo críticas do presidente de centro-direita do Uruguai, Luis Lacalle, que afirmou que sua participação na cúpula não deveria ser interpretada como uma aceitação dos regimes mais autoritários da região.
“Estamos preocupados e olhamos com gravidade ao que acontece em Cuba, Nicarágua e Venezuela”, disse, citando o que descreveu como ações repressivas desses governos, incluindo a prisão de oponentes políticos.
Os líderes se reuniram a convite de López Obrador com o objetivo declarado de enfraquecer o órgão regional OEA que, sediado em Washington, exclui Cuba e é visto com ceticismo por muitos líderes de centro-esquerda da América Latina.
Em seus comentários, o presidente boliviano, Luis Arce, defendeu um acordo global para reduzir as dívidas dos países pobres, enquanto o cubano Diaz-Canel defendeu o fim do embargo comercial dos EUA contra a ilha comunista.
O ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez ajudou a fundar a Celac em 2011, e seu sucessor, Maduro, chegou à capital mexicana na noite de sexta-feira como uma surpresa para os chefes de Estado reunidos.
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