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Desmatamento na Amazônia cai 11,27% em 2022, mostram dados do governo

30/11/2022 13h25

Por Jake Spring

SÃO PAULO (Reuters) - O desmatamento na floresta amazônica caiu nos 12 meses até julho de 2022, de acordo com dados oficiais do governo divulgados nesta quarta-feira, recuando de um pico em anos sob o presidente Jair Bolsonaro.

A destruição da mata teve queda nos últimos 12 meses para 11.568 quilômetros quadrados, mostraram dados anuais do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A marca ainda representa o maior desmatamento na Amazônia do que em qualquer ano de 2009 a 2020.

“É melhor ter um número mais baixo do que mais alto, mas é um número muito alto ainda. É o segundo maior número dos últimos 13 anos", disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

A Amazônia, maior floresta tropical do mundo, absorve grandes quantidades de dióxido de carbono, um gás que aquece o clima e é liberado na atmosfera por meio do desmatamento.

Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), disse que não houve mudança na política de Bolsonaro de enfraquecer os órgãos ambientais para explicar a queda do desmatamento.

Alencar e Astrini disseram que é impossível saber de imediato por que o desmatamento caiu, dizendo que talvez o clima ou os ciclos econômicos possam ser um fator.

A medida oficial anual de desmatamento produzida pelo programa de monitoramento por satélite Prodes, do Inpe, é muito mais precisa do que o sistema de alerta rápido Deter, que publica números semanalmente.

A destruição da floresta é a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa do Brasil. O relatório do Prodes divulgado nesta quarta-feira fornece a referência com a qual o Brasil mede se está cumprindo seus compromissos ambientais e climáticos.

O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), prometeu reverter o crescente desmatamento sob o presidente Jair Bolsonaro (PL), que reduziu a fiscalização ambiental.

O desmatamento médio nos quatro anos de Bolsonaro foi cerca de 60% maior do que nos quatro anos anteriores. O Palácio do Planalto não respondeu imediatamente a pedido de comentário.

“A gente já está vendo as consequências desse desmatamento. Com mais períodos de seca, estações chuvosas mais curtas, aumento das queimadas, aumento das temperaturas”, disse Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil.

Lula pode enfrentar uma batalha difícil para demonstrar um menor desmatamento em seu primeiro ano. A cifra do Prodes deste ano se estende apenas até julho, antes do desmatamento recorde medido de agosto a outubro pelo sistema de alerta rápido. Em vez disso, esses meses serão refletidos no primeiro dado anual do Prodes a ser divulgado no governo Lula em 2023.

"No primeiro ano do governo Lula vai ser muito difícil ter uma redução expressiva do desmatamento”, disse Astrini