Putin confirma que Rússia usou míssil balístico de médio alcance contra a Ucrânia

Vladimir Putin se expressou em um discurso televisionado nesta quinta-feira (21), no qual confirmou o uso de um míssil balístico hipersônico de média distância, sem carga nuclear, utilizado para bombardear a cidade de Dnipro, na Ucrânia. Ele não descartou a possibilidade de atacar países cujas armas estão sendo usadas pela Ucrânia na Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou nesta quinta-feira (21) que suas forças atingiram a Ucrânia com um novo míssil balístico hipersônico de médio alcance, após um disparo contra a cidade de Dnipro, que não carregava uma ogiva nuclear. "Nossos engenheiros o chamaram de Orechnik", declarou Vladimir Putin, em um pronunciamento à nação. Segundo ele, esse ataque teve como alvo "um local do complexo militar-industrial ucraniano".

Em seu discurso, que durou menos de 10 minutos, o presidente russo condenou dois recentes ataques realizados pela Ucrânia em solo russo utilizando mísseis norte-americanos ATACMS e britânicos Storm Shadow. Ele afirmou que o conflito na Ucrânia adquiriu um "caráter global", responsabilizando os países ocidentais por autorizarem o uso de mísseis americanos e europeus em território russo.

"A partir do momento em que [esses mísseis foram disparados contra a Rússia] e, como havíamos destacado reiteradamente antes, o conflito provocado pelo Ocidente na Ucrânia passou a conter elementos de um [conflito] de caráter global", disse o presidente russo. Ele afirmou, no entanto, que os ataques com mísseis ocidentais disparados pela Ucrânia contra o território russo fracassaram.

'Responderemos com a mesma intensidade'

Vladimir Putin, afirmou que seu país está "pronto para todos" os cenários no conflito contra a Ucrânia e seus aliados ocidentais.

"Estamos sempre preparados, e continuamos a estar, para resolver todos os problemas por meios pacíficos, mas também estamos prontos para enfrentar qualquer desdobramento", declarou ele em um discurso transmitido pela televisão russa.

"Se alguém ainda duvida disso, não adianta. Sempre haverá uma resposta", advertiu, sem descartar a possibilidade de atacar países cujas armas estejam sendo usadas pela Ucrânia contra a Rússia.

"Consideramos que temos o direito de usar nossas armas contra instalações militares de países que permitem o uso de suas armas contra nossas instalações. E, em caso de escalada de ações agressivas, responderemos com a mesma intensidade", declarou ele em um discurso surpresa à nação.

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'Míssil invencível'

De acordo com Vladimir Putin, o novo míssil hipersônico é invencível. "Atualmente, não existem meios para contrapor armas como essa. Esses mísseis atingem alvos a uma velocidade de Mach 10, ou seja, entre 2,5 e 3 quilômetros por segundo. Os sistemas de defesa aérea disponíveis no mundo e os sistemas de defesa antimísseis desenvolvidos pelos americanos na Europa não conseguem interceptar esses mísseis. Isso está fora de questão", afirmou com veemência.

'Uma escalada preocupante', avalia a ONU

O uso por Moscou de um novo míssil balístico de médio alcance para atingir a Ucrânia é uma "nova escalada preocupante", afirmou nesta quinta-feira o porta-voz do secretário-geral da ONU.

"Tudo isso caminha na direção errada", declarou Stéphane Dujarric à imprensa. Ele apelou às partes envolvidas para que tomem "medidas urgentes rumo à desescalada, garantindo a proteção de civis e de infraestruturas civis críticas", reiterando o apelo do secretário-geral, António Guterres, por um fim a essa guerra em conformidade com o direito internacional.

(RFI com AFP)

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