Centrão quer Lira na Agricultura e Pacheco no Ministério da Justiça
O resultado das eleições municipais e as dificuldades do governo em conseguir implementar medidas que controlem os gastos públicos pressionam o Palácio do Planalto a fazer uma reforma ministerial para incorporar novos nomes do centro ao governo.
No Congresso e no mercado financeiro, as apostas são de que o presidente Lula (PT) não terá outra alternativa a não ser recompor o seu ministério para não aumentar o desgaste do governo e, consequentemente, não fortalecer a extrema-direita.
O ministro Paulo Pimenta disse à coluna, contudo, que "não" está nos planos do governo uma reforma ministerial.
A eleição de Donald Trump nos Estados Unidos acendeu o alerta de que, se o governo não vai bem — o que ocorreu com Joe Biden —, o eleitor desconsidera o risco à democracia e busca a solução mágica no extremismo.
Na bolsa de apostas do Centrão, o rearranjo no governo Lula passaria por colocar o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no Ministério da Justiça. Ricardo Lewandowski iria para a embaixada do Brasil em Portugal.
A segurança pública é uma bandeira da direita, e o governo viu o ministério se apagar com a saída de Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal, com facções criminosas se infiltrando na política.
Procurado, Pacheco disse que Lewandowski "é um ministro competente e com larga experiência, e que é bom que ele permaneça no cargo". Sobre seu futuro político, quando deixar o comando do Congresso em fevereiro de 2025, ele disse que irá "voltar ao gabinete 24".
Foi Pacheco quem devolveu o número 24 para o gabinete no Senado, quando foi revelado que a Casa suprimia esse número numa manifestação implícita de preconceito.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ocuparia, nesse desenho, o Ministério da Agricultura. Lira fará seu sucessor na Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos) e seguirá com forte influência na Casa. O governo não tem hoje nenhuma articulação política no Congresso. Por outro lado, o ministério daria a Lira condições para se viabilizar como senador por Alagoas.
Com a reeleição de JHC (PL) por ampla margem de votos para a prefeitura de Maceió, a política local já aposta que o ministro Renan Filho (Transportes) irá disputar o governo para não perder espaço para esse grupo. Um movimento que pode levar JHC a disputar uma das duas vagas para o Senado em 2026, que já tem na corrida Renan Calheiros (o pai) e Lira.
Procurado, Lira não ligou de volta. Ele costuma negar especulações de sua ida para o governo.
A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), seria acomodada na vaga da ministra Esther Dweck (Gestão), mas a petista teria descartado ingressar no governo fora do núcleo duro e esticou até 2025 seu mandato no comando do partido. A coluna não conseguiu localizá-la.
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