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Putin diz que Rússia testou arma nuclear de nova geração

Presidente da Rússia, Vladimir Putin Imagem: Mikhail Klimentyev / SPUTNIK / AFP

05/10/2023 15h12Atualizada em 05/10/2023 15h37

MOSCOU (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira (5) que a Rússia testou com sucesso um novo e potente míssil estratégico e se recusou a descartar a possibilidade de realizar testes de armas envolvendo explosões nucleares pela primeira vez em mais de três décadas.

Putin disse pela primeira vez que Moscou testou com sucesso o Burevestnik, um míssil de cruzeiro com propulsão nuclear e capacidade nuclear, com um alcance potencial de milhares de quilômetros.

Ele também disse em uma reunião anual de analistas e jornalistas que a Rússia tinha quase concluído os trabalhos em seu sistema de mísseis balísticos intercontinentais Sarmat, outro elemento crucial da sua nova geração de armas nucleares.

Putin, que desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro de 2022, tem repetidamente lembrado o mundo sobre o poderio nuclear da Rússia, disse que ninguém em sã consciência usaria armas nucleares contra a Rússia.

Se tal ataque fosse detectado, disse ele, "um número tão grande de nossos mísseis — centenas e centenas — apareceria no ar que nem um único inimigo teria chance de sobrevivência".

A Rússia não realiza um teste que envolva uma explosão nuclear desde 1990, um ano antes do colapso da União Soviética, mas Putin recusou-se a descartar a possibilidade de retomar tais testes.

O líder russo observou que os Estados Unidos não ratificaram o tratado que proíbe os testes nucleares, enquanto a Rússia o assinou e ratificou. Seria teoricamente possível para a Duma, o Parlamento da Rússia, revogar a sua ratificação, disse ele.

Analistas militares dizem que a retomada dos testes nucleares pela Rússia, pelos Estados Unidos ou por ambos seria profundamente desestabilizadora, num momento em que as tensões entre os dois países são maiores do que em qualquer momento nos últimos 60 anos. Em fevereiro, Putin suspendeu a participação da Rússia no novo tratado Start, que limita o número de armas nucleares que cada lado pode utilizar.

Mas não havia necessidade, disse Putin, de a Rússia reescrever a sua doutrina sobre o uso real de armas nucleares, que diz que o país pode dispará-las quer em resposta a um ataque nuclear contra si, ou no caso de uma ameaça à existência do Estado.

Respondendo a uma pergunta do analista russo Sergei Karaganov, que tem defendido a redução das exigências para o uso de armas nucleares, Putin disse: "Simplesmente não vejo necessidade disso".

Ele acrescentou: "Não há nenhuma situação hoje em que, digamos, algo possa ameaçar o Estado russo e a existência do Estado russo. Não. Acho que nenhuma pessoa de mente sã e memória clara pensaria em usar armas nucleares contra a Rússia."

Karaganov tem chamado a atenção tanto de analistas estratégicos russos quanto ocidentais ao argumentar que é hora de a Rússia reduzir seu nível de exigência para o uso de armas nucleares, a fim de "conter, assustar e despertar nossos oponentes".

Ele escreveu em um artigo recente que a Rússia deveria "abalar" os seus inimigos, ameaçando ataques nucleares a países europeus e a bases dos EUA na Europa.

(Reportagem da Reuters)

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