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Ajuda a Gaza fica bloqueada e Egito diz que Israel não coopera

Civis se aglomeram no posto de fronteira de Rafah, entre o Egito e a Faixa de Gaza Imagem: REUTERS/Ibraheem Abu Mustafa - 16.out.2023

Yusri Mohamed, Nadine Awadalla e Tala Ramadan

16/10/2023 15h59

O Egito disse nesta segunda-feira que Israel não está cooperando com a entrega de ajuda a Gaza e com a retirada de portadores de passaportes estrangeiros pela única entrada que não controla totalmente, deixando centenas de toneladas de suprimentos parados.

O Cairo diz que a passagem de Rafah, uma abertura potencialmente vital para suprimentos extremamente necessários para o enclave palestino sitiado, não está oficialmente fechada, mas está inoperante devido aos ataques aéreos israelenses no lado de Gaza.

Com a intensificação dos bombardeios e do cerco de Israel a Gaza, os 2,3 milhões de habitantes do território ficaram sem eletricidade, o que levou os serviços de saúde e de abastecimento de água à beira do colapso, com o combustível para os geradores dos hospitais ficando escasso.

"Há uma necessidade urgente de aliviar o sofrimento dos civis palestinos em Gaza", disse o ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, aos repórteres, acrescentando que as conversas com Israel não foram frutíferas.

"Até agora, o governo israelense não se posicionou sobre a abertura da passagem de Rafah do lado de Gaza para permitir a entrada de assistência e a saída de cidadãos de outros países."

Autoridades norte-americanas esperavam que Rafah operasse durante algumas horas nesta segunda-feira, disse o porta-voz da Casa Branca, John Kirby, acrescentando que expectativas anteriores de abrir a passagem tinham sido frustradas.

A guerra em curso tornou a entrega de ajuda através de Rafah "muito difícil", disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.

"Terá de haver um mecanismo, uma vez que envolve muitas partes, algumas das quais não se estão se falando, para dizer o mínimo. Estamos trabalhando nesse sentido com os principais parceiros", disse Dujarric a jornalistas em Nova York, nesta segunda-feira.

A estação de rádio Aqsa, afiliada ao Hamas, afirmou que os bombardeios israelenses voltaram a atingir a zona de passagem de Rafah nesta segunda-feira. O lado egípcio da fronteira parecia deserto à tarde, com a ajuda sendo armazenada na cidade vizinha de Al Arish.

Centenas de milhares de palestinos foram deslocados dentro de Gaza, com alguns levando carros e malas para o sul, em direção à passagem de Rafah, mas outros regressando ao norte, depois de não terem conseguido encontrar refúgio.

Tal como outros países, o Egito se pronunciou contra qualquer êxodo em massa dos residentes de Gaza, refletindo os profundos receios árabes de que a guerra possa desencadear uma nova vaga de deslocamento permanente dos palestinos das terras onde procuraram construir um Estado.

O país apelou à realização de uma cúpula sobre a crise, que, segundo a agência egípcia Al Qahera News, deverá ocorrer no sábado, na cidade de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho. Nesta segunda-feira, o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi recebeu um telefonema do presidente russo, Vladimir Putin, para discutir a escalada em Gaza, disse o gabinete de Sisi.

Shoukry disse que o Egito pretende restabelecer o acesso regular através de Rafah, incluindo para os palestinos que procuram tratamento médico ou viagens normais.

Mais cedo, nesta segunda, fontes de segurança egípcias disseram que um cessar-fogo no sul de Gaza, com duração de várias horas, havia sido acordado para a manhã desta segunda para facilitar a ajuda e a retirada de pessoas em Rafah, mas a TV estatal egípcia citou posteriormente uma fonte de alto nível dizendo que nenhuma trégua havia sido acertada.

Hamas e Israel disseram que nenhum acordo para abrir a passagem foi fechado.

Centenas de toneladas de ajuda de ONGs e de vários países aguardavam em Al Arish por condições que permitissem a entrada em Gaza.

?Estamos aguardando o sinal verde para a entrada da ajuda e dezenas de voluntários estão prontos a qualquer momento?, disse um funcionário do Crescente Vermelho no norte do Sinai.

Separadamente, um vídeo da Reuters mostrou caminhões de combustível com bandeira da Organização das Nações Unidas (ONU) parecendo sair de Gaza para o Egito através da passagem Kerem Shalom, controlada por Israel.

"É fundamental que a assistência vital seja autorizada a cruzar a passagem de Rafah sem demora", afirmou a agência humanitária da ONU num comunicado, anunciando que o seu chefe, Martin Griffiths, se deslocaria ao Cairo na terça-feira.

(Reportagem de Ahmed Mohamed Hassan, no Cairo; Dan Williams, em Jerusalém; Yusri Mohamed, em Ismailia; Nidal Al Mughrabi, em Gaza; Nadine Awadalla e Tala Ramadan, em Dubai; Reportagem adicional de Aidan Lewis, no Cairo)

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