Ex-premiê britânico Boris Johnson diz que subestimou ameaça da Covid

Por Andrew MacAskill e Muvija M

LONDRES (Reuters) - O ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson apresentou seu pedido de desculpas mais explícito pela forma como lidou com a crise do coronavírus, nesta quarta-feira, dizendo que seu governo foi muito complacente e inicialmente subestimou os riscos representados pelo vírus.

Em uma aparição diante de uma investigação oficial sobre a forma como o Reino Unido lidou com a pandemia, Johnson disse que assumia a responsabilidade por todas as decisões tomadas e que entendia a raiva da população depois que a investigação ouviu sobre incompetência, traição e misoginia do governo na luta contra a maior crise de saúde em décadas.

Johnson disse que a Covid-19 apareceu pela primeira vez como uma "nuvem no horizonte" e não como o "tufão" que acabou matando mais de 230.000 pessoas no Reino Unido e infectando muitos milhões de outras.

Inicialmente, Johnson afirmou que não acreditava nas previsões de vítimas e que só leu as atas do principal grupo consultivo científico do governo em algumas ocasiões, apesar de suas conclusões terem levado à maior repressão às liberdades civis desde a Segunda Guerra Mundial.

"Posso dizer que entendo os sentimentos das vítimas e de suas famílias e lamento profundamente a dor, a perda e o sofrimento", disse ele no início de uma audiência de dois dias.

Johnson, primeiro-ministro por três anos entre 2019 e 2022, renunciou após uma série de escândalos, incluindo relatos de que ele e outras autoridades estiveram presentes em reuniões regadas a álcool em Downing Street durante 2020 e 2021, quando a maioria das pessoas no Reino Unido foi forçada a ficar em casa.

A investigação já ouviu depoimentos prejudiciais sobre a relutância dele em decretar lockdown e como ele ficou confuso com a ciência.

Johnson teria perguntado em um determinado momento se soprar um secador de cabelo em seu nariz poderia matar o vírus e sugeriu que ele deveria ser injetado com Covid-19 ao vivo na TV para acalmar os temores públicos.

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O ex-primeiro-ministro enfrentou repetidas perguntas sobre se ele esperou demais para impor um lockdown no início de 2020 e se isso fez com que o Reino Unido acabasse com um dos maiores números de mortes do mundo devido à pandemia.

Johnson disse que havia argumentos constantes e conflitantes entre ministros e autoridades sobre como responder e que seu gabinete de ministros seniores estava mais relutante do que ele em impor restrições aos movimentos da população.

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