Putin diz a soldados russos que vai se candidatar à Presidência novamente em 2024

Por Guy Faulconbridge

MOSCOU (Reuters) - O presidente russo, Vladimir Putin, disse nesta sexta-feira aos soldados que lutaram na guerra da Ucrânia que se candidatará à Presidência novamente na eleição de 2024, o que permitirá que o ex-espião da KGB permaneça no poder até pelo menos 2030.

Putin, que recebeu a Presidência das mãos de Boris Yeltsin no último dia de 1999, já foi presidente por mais tempo do que qualquer outro governante da Rússia desde Josef Stalin, superando o mandato de 18 anos de Leonid Brezhnev.

Depois que Putin premiou veteranos de guerra com a mais alta honraria militar da Rússia, a estrela de ouro de Herói da Rússia, um tenente-coronel chamado Artyom Zhoga, comandante do Batalhão Sparta, pediu ao presidente que concorresse novamente.

"Não vou esconder que tive pensamentos diferentes em momentos diferentes, mas agora é hora de tomar uma decisão", disse Putin a Zhoga e aos outros soldados condecorados.

"Vou concorrer ao cargo de presidente", declarou Putin em imagens de televisão no dourado Salão Georgievsky, parte do Grande Palácio do Kremlin.

Zhoga disse posteriormente aos repórteres que estava muito feliz por Putin ter concordado com o pedido, acrescentando que toda a Rússia apoiaria a decisão.

A Reuters informou no mês passado que Putin havia decidido se candidatar.

Para Putin, de 71 anos, a eleição é uma formalidade: com o apoio do Estado, da mídia estatal e quase nenhuma dissidência pública, ele certamente vencerá.

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Os políticos da oposição veem a eleição como uma encenação de democracia que adorna o que eles consideram a ditadura corrupta da Rússia de Putin.

Os partidários de Putin rejeitam essa análise, apontando para algumas pesquisas independentes que mostram que ele tem índices de aprovação acima de 80%. Eles dizem que Putin restaurou a ordem e parte da influência que a Rússia perdeu durante o caos do colapso soviético.

Embora Putin possa não ter concorrência real na eleição, ele está enfrentando o mais sério conjunto de desafios que qualquer chefe do Kremlin já enfrentou desde Mikhail Gorbachev com a União Soviética em ruínas há mais de três décadas.

A guerra na Ucrânia desencadeou o maior confronto com o Ocidente desde a Crise dos Mísseis de Cuba de 1962; as sanções ocidentais provocaram o maior choque externo na economia russa em décadas; e Putin enfrentou um motim fracassado do mercenário mais poderoso da Rússia, Yevgeny Prigozhin, em junho.

Prigozhin morreu em um acidente de avião dois meses depois do motim. Desde o motim, Putin reforçou seu controle.

O Ocidente classifica Putin como um criminoso de guerra e um ditador que levou a Rússia a uma apropriação de terras ao estilo imperial na Ucrânia, o que enfraqueceu a Rússia e fortaleceu o Estado ucraniano, unindo o Ocidente e entregando novamente uma missão à Otan.

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Putin, no entanto, apresenta a guerra como parte de uma luta muito mais ampla contra os Estados Unidos, que, segundo a elite do Kremlin, tem como objetivo dividir a Rússia, apoderar-se de seus vastos recursos naturais e, em seguida, acertar as contas com a China.

(Reportagem da Reuters)

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