No Haiti, violência das gangues deixa milhares de desabrigados

Por Steven Aristil

PORTO PRÍNCIPE (Reuters) - A violência desenfreada no Haiti, desencadeada pela tentativa de um dos principais líderes de gangues de derrubar o primeiro-ministro, forçou mais de 15.000 pessoas a fugirem de suas casas, muitas das quais foram destruídas, acentuando a sensação de miséria e ilegalidade no país.

"Gangues armadas nos forçaram a deixar nossas casas. Eles destruíram nossas casas e estamos nas ruas", disse Nicolas, que está vivendo em um acampamento depois de abandonar sua casa, dormindo em condições tão apertadas que ele diz se sentir como um animal.

A situação se agravou no fim de semana com a viagem do primeiro-ministro Ariel Henry ao Quênia para fechar um acordo para o envio de tropas estrangeiras ao Haiti. No domingo, o desgastado governo do Haiti declarou estado de emergência depois que detentos escaparam em duas grandes fugas de prisões e um intenso tiroteio se espalhou pela capital.

A data de chegada de Henry de volta ao Haiti ainda não está clara.

Enquanto isso, várias embaixadas chamaram seus funcionários de volta e a vizinha República Dominicana disse que nunca aceitará a criação de campos de refugiados.

O escritório de imigração das Nações Unidas afirmou durante o fim de semana que pelo menos 15.000 pessoas haviam sido deslocadas devido à violência.

"Não tive tempo de levar nada de minhas coisas, nem mesmo minha calcinha", disse Jasmine, que não quis dar seu sobrenome, em um abrigo. "Eu não sabia o que fazer."

Reynold Saint-Paul, morador do bairro de Lalue, em Porto Príncipe, disse que foi a um abrigo para encontrar água - um bem cada vez mais escasso na capital.

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Desde que Henry chegou ao poder após o assassinato do último presidente do Haiti em 2021, as gangues violentas expandiram seu território. O primeiro-ministro havia se comprometido a deixar o cargo no início de fevereiro, mas adiou o processo, citando a falta de segurança.

Ainda não foi definida uma data para o envio da missão de segurança multinacional apoiada pela ONU. No final de fevereiro, a ONU disse que cinco nações haviam prometido formalmente tropas e menos de 11 milhões de dólares haviam sido depositados em um fundo para a missão.

A ONU estima que o conflito com as gangues tenha matado cerca de 5.000 pessoas no ano passado e expulsado cerca de 300.000 de suas casas.

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