Reinaldo: Eleição em SP não é 'Lula X Bolsonaro'; é 'Bolsonaro X Tarcísio'
A eleição para a Prefeitura de São Paulo se tornou um duelo entre o governador do estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a despeito das expectativas em torno de um embate entre este último e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmou o colunista Reinaldo Azevedo no Olha Aqui! desta quinta (17).
A disputa em SP assumiu uma dimensão nacional de um outro modo. Imaginava-se que fosse ser assim: Lula versus Bolsonaro. Não está sendo. Não é um Lula x Bolsonaro que está funcionando em São Paulo. O Lula teve uma participação muito discreta na campanha do Guilherme Boulos [candidato à prefeitura pelo Psol] e o Bolsonaro, uma participação muito discreta na campanha do [Ricardo] Nunes [candidato à reeleição pelo MDB]. Tanto é que o Solidariedade está dizendo: 'Não, agora não precisa mais do apoio do Bolsonaro, agora atrapalha'. Na verdade, a campanha em São Paulo virou um Tarcísio x Bolsonaro. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Segundo Reinaldo, a vitória de Nunes é a vitória de Tarcísio.
O Tarcísio se agarrou ao Nunes quando o Bolsonaro estava se bandiando para o lado do [Pablo] Marçal [PRTB] e a vitória do Nunes está sendo lida por todo mundo — e eu não acho que isso seja impróprio — como a vitória do Tarcísio. A derrota dos progressistas em São Paulo já está precificada em 5 milhões de artigos. (...) Esses boatos sobre a morte do PT têm sido um pouco exagerados desde 1980. Mas, de qualquer modo, o preço está dado. Pronto. Direita e extrema direita ganharam a eleição, mais a direita, centro-direita. A extrema direita também teve menos votos do que imaginava ter. O PT cresceu número de prefeituras, mas perdeu prefeituras importantes. Se perder em São Paulo, isso já está nos artigos, nos argumentos.
O que seria catastrófico, aí sim, seria a direita perder em São Paulo, agora que está com uma mão e meia na taça. E essa vitória inequivocamente é uma vitória do Tarcísio no que diz respeito às lideranças da direita. Não foi o Bolsonaro. Pelo Bolsonaro, o Nunes teria sido cristianizado, teria sido abandonado em favor do Pablo Marçal. Quem comprou a briga Nunes, quem comprou o produto Nunes foi o Tarcísio — poucas pessoas se dão conta disso — já num exercício de independência em relação a Bolsonaro. Claro, vai sempre fazer as deferências: 'O capitão, foi ele quem me iniciou na vida pública', cantar as glórias, maior líder do Brasil e tal. Mas, a verdade é que líder no Brasil hoje você tem um que é o Lula e tem outro sendo construído que é o Tarcísio. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
Reinaldo destaca que essa eleição vai definir o futuro político de Tarcísio de Freitas.
Então, como o bolsonarista moderado, como se isso fosse possível, ele pode até construir uma imagem de moderado, mas aí ele vai ter que deixar de ser bolsonarista. Por enquanto, tem esse oximoro, tem essa contradição inelutável, bolsonarista moderado. Isso não existe. Mas, de qualquer modo, tem essa dimensão nacional essa eleição, insuspeitada no início. Porque no início se falava em polarização, essa palavra idiota, a polarização Lula x Bolsonaro. Não, a polarização aqui é Bolsonaro x Tarcísio.
E é vital para o Tarcísio vencer essa eleição. Se perde, aí sim, o papel do próprio Tarcísio como líder pretenso da direita, como futuro líder da direita, ele perde muito do seu brilho. Então, para ele, é um jogo importantíssimo. É um jogo, eu diria, que pode marcar o futuro político dele, da forma como as coisas se deram. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL
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