Famílias de vítimas de tiroteio em escola processam Meta, Microsoft e fabricante de armas

Por Joseph Ax

(Reuters) - Famílias de vítimas do tiroteio na escola primária de Uvalde, no Texas, em 2022, entraram com duas ações judiciais nesta sexta-feira contra a empresa controladora do Instagram, Meta, a Activision Blizzard e sua controladora Microsoft e a fabricante de armas Daniel Defense, alegando que elas teriam cooperado para comercializar armas perigosas para adolescentes impressionáveis, caso do atirador de Uvalde.J

Juntas, as queixas de homicídio culposo argumentam que a Daniel Defense -- fabricante de armas com sede na Geórgia -- usou o Instagram e o videogame Call of Duty, da Activision, para comercializar seus rifles de assalto para meninos adolescentes, enquanto a Meta e a Microsoft facilitaram a estratégia com uma supervisão negligente e sem levar em conta as consequências.

A Meta, a Microsoft e a Daniel Defense não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.

Um porta-voz da Entertainment Software Association, grupo de lobby que representa o setor de videogames, disse que muitos outros países têm níveis semelhantes de jogos de videogame, mas menos violência com armas do que os Estados Unidos.

"Estamos tristes e indignados com os atos de violência sem sentido", disse o grupo em um comunicado. "Ao mesmo tempo, desencorajamos acusações infundadas que ligam essas tragédias a jogos de videogame, o que prejudica os esforços para focar nos problemas básicos em questão e proteger contra tragédias futuras."

Em um dos tiroteios em escolas mais mortais da história, 19 crianças e dois professores foram mortos em 24 de maio de 2022, quando um atirador de 18 anos armado com um rifle Daniel Defense entrou na Robb Elementary School e se barricou dentro de salas de aula adjacentes com dezenas de alunos.

As queixas foram apresentadas no aniversário de dois anos do massacre pela Koskoff Koskoff & Bieder, mesmo escritório de advocacia que chegou a um acordo de 73 milhões de dólares com a fabricante de rifles Remington em 2022 em nome das famílias de crianças mortas no tiroteio em massa na Sandy Hook Elementary School em 2012.

O primeiro processo, apresentado ao Tribunal Superior de Los Angeles, acusa o Instagram da Meta de dar aos fabricantes de armas "um canal não supervisionado para falar diretamente com menores, em suas casas, na escola, mesmo no meio da noite", com apenas uma supervisão simbólica.

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A queixa também alega que o popular jogo de guerra Call of Duty, da Activision, "cria um teatro de violência viciante e vividamente realista no qual meninos adolescentes aprendem a matar com habilidade e facilidade assustadoras", usando armas da vida real como modelos para as armas de fogo do jogo.

O atirador de Uvalde jogava Call of Duty -- que apresenta, entre outras armas, um fuzil de assalto fabricado pela Daniel Defense, segundo a ação judicial -- e visitava o Instagram obsessivamente, onde a Daniel Defense frequentemente fazia propaganda.

Como resultado, alega a ação, ele ficou obcecado em adquirir a mesma arma e usá-la para cometer os assassinatos, embora nunca tivesse disparado uma arma na vida real.

A segunda ação judicial, apresentada ao Tribunal Distrital do Condado de Uvalde, acusa a Daniel Defense de deliberadamente direcionar seus anúncios a meninos adolescentes em um esforço para garantir clientes para a vida toda.

"Há uma linha direta entre a conduta dessas empresas e o tiroteio em Uvalde", disse Josh Koskoff, um dos advogados das famílias, em comunicado.

"Esse monstro de três cabeças conscientemente o expôs à arma, condicionou-o a vê-la como uma ferramenta para resolver seus problemas e o treinou para usá-la."

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A Daniel Defense já enfrenta outras ações judiciais movidas por famílias de algumas das vítimas. Em uma declaração de 2022, o CEO Marty Daniel chamou o litígio de "frívolo" e "politicamente motivado"

No início desta semana, as famílias das vítimas anunciaram um processo separado contra quase 100 policiais estaduais que participaram do que o Departamento de Justiça dos EUA concluiu ser uma resposta de emergência mal executada. As famílias também chegaram a um acordo de 2 milhões de dólares com a cidade de Uvalde.

Outros processos contra diversos órgãos públicos continuam pendentes.

(Reportagem de Joseph Ax e Katie Paul em Nova York e Stephen Nellis em São Francisco)

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