Ataque de Israel a acampamento de Rafah gera condenação internacional

Por Nidal al-Mughrabi e Dan Williams

CAIRO/JERUSALÉM (Reuters) - Um ataque aéreo de Israel matou pelo menos 35 pessoas em um acampamento na cidade de Rafah, em Gaza, de acordo com médicos, atraindo a condenação de líderes europeus nesta segunda-feira, que pediram a implementação de uma decisão da Corte Mundial para interromper a ofensiva israelense.

Em cenas familiares de uma guerra que está em seu oitavo mês, famílias palestinas correram para os hospitais a fim de organizar os enterros de conhecidos mortos depois que o ataque no domingo incendiou tendas e abrigos precários.

Mulheres choravam e homens faziam orações ao lado dos corpos envoltos em mortalhas.

"O mundo inteiro está testemunhando Rafah sendo queimada por Israel e ninguém está fazendo nada para impedir isso", disse Bassam, um morador de Rafah, por meio de um aplicativo de mensagem, sobre o ataque em uma área do oeste de Rafah que havia sido designada como zona segura.

Apesar de um clamor global pelo número de civis mortos, os tanques israelenses continuaram bombardeando as áreas leste e central da cidade nesta segunda-feira, matando oito pessoas, segundo autoridades de saúde locais.

As Forças Armadas de Israel disseram que o ataque aéreo de domingo, baseado em "inteligência precisa", eliminou o chefe de gabinete do grupo militante Hamas para o segundo e maior território palestino, a Cisjordânia, além de outro oficial responsável por ataques a israelenses.

No domingo, o governo havia dito que oito foguetes foram interceptados após serem disparados de Rafah. Um ministro disse que isso mostrava a necessidade de continuar as operações contra o Hamas.

O ataque ocorreu no bairro de Tel Al-Sultan, onde milhares de pessoas estavam abrigadas depois que as Forças Israelenses iniciaram uma ofensiva terrestre no leste de Rafah há mais de duas semanas.

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Muitos dos mortos eram mulheres e crianças, disseram as autoridades de saúde, acrescentando que o número de óbitos provavelmente aumentaria, pois alguns estavam em estado crítico com queimaduras graves.

Israel manteve os ataques a Rafah, apesar de uma decisão do principal tribunal da Organização das Nações Unidas (ONU) na sexta-feira, ordenando que parassem, argumentando que a decisão da corte lhe concede alguma margem para ação militar no local.

A ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, e o chefe da política externa da União Europeia, Josep Borrell, disseram que a decisão deve ser respeitada. "A lei humanitária internacional se aplica a todos, inclusive à condução da guerra por parte de Israel", disse Baerbock.

A agência da ONU para refugiados palestinos disse que a situação é horrível. "Gaza é o inferno na terra. As imagens da noite passada são mais uma prova disso", escreveu a UNRWA no X.

Cerca de 36.000 palestinos foram mortos até o momento na ofensiva israelense, segundo autoridades de saúde palestinas. Israel lançou a operação depois que militantes liderados pelo Hamas atacaram comunidades do sul do país em 7 de outubro, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo mais de 250 reféns, de acordo com os registros israelenses.

O Egito condenou o "bombardeio deliberado das tendas dos deslocados" pelos militares israelenses, informou a mídia estatal, descrevendo-o como uma violação flagrante do direito internacional.

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A Arábia Saudita também condenou o ataque israelense e o Catar disse que o ataque em Rafah pode prejudicar os esforços para mediar um cessar-fogo e a troca de reféns.

((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075)) REUTERS FC ES

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