Cobrança de Lula por desculpas de Milei será testada em cúpula do Mercosul
Em entrevista exclusiva ao UOL, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistiu que não teve ainda uma conversa com o argentino Javier Milei por causa da ausência de um pedido de desculpas por parte do presidente do país vizinho.
Mas os dois líderes estarão frente a frente na próxima semana, quando o Mercosul realiza sua cúpula em Assunção, no Paraguai. O encontro está marcado para 7 e 8 de julho.
O que se debatia nos bastidores da cúpula era se Milei iria ceder e pedir desculpas, ou se Lula optaria por colocar uma pedra sobre o caso. Agora, o brasileiro deixou claro que não vai abrir mão de sua exigência, e nada indica que o argentino esteja disposto a fazer um gesto de reconciliação.
Milei, ainda durante a campanha eleitoral na Argentina, ofendeu o brasileiro. Ao vencer a eleição, tentou uma reaproximação e chegou a enviar uma carta convidando Lula para a posse. Mas o Palácio do Planalto considerou que, sem um pedido formal de desculpas, não existia motivo para fazer a viagem. Nesta quarta-feira, Lula insistiu que a exigência continua vigente.
Agora, a reunião do Mercosul promete testar essa relação. O bloco tem sobre sua mesa decisões importantes a serem tomadas. Uma delas é a conclusão de um acordo comercial com a União Europeia.
A perspectiva de que a Comissão Europeia continue sendo governada por Ursula von der Leyen foi comemorada no Itamaraty como um sinal de que existe espaço para que um acordo possa ser fechado. A alemã apoia a ideia de um tratado e sua vitória facilitará o processo negociador.
Segundo o Itamaraty, os grupos técnicos continuam trabalhando, e o diálogo tem ocorrido de forma "adequada". Mas, em vários aspectos, apenas uma decisão política pode destravar ou indicar o caminho que o bloco deve tomar.
É ai que será necessária uma sintonia fina entre Milei e Lula.
Diplomatas admitem que existem formas de driblar essa crise entre os dois, com chanceleres e negociadores fazendo uma espécie de pombo-correio com mensagens entre os dois. Mas, como afirma um experiente diplomata brasileiro, "nada substitui" uma relação próxima entre dois líderes.
Opinião
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