ANC deve perder maioria nas eleições da África do Sul

Por Kopano Gumbi e Tannur Anders

MIDRAND, ÁFRICA DO SUL (Reuters) - O Congresso Nacional Africano (ANC) deve perder a maioria parlamentar que detém há 30 anos, já que os resultados parciais das eleições sugeriam nesta quinta-feira que ele precisaria de um parceiro para permanecer no poder.

Se os resultados finais confirmarem a perda de sua maioria, o ANC será forçado a fazer um acordo com um ou mais partidos para governar - uma situação que pode levar à volatilidade política nas próximas semanas ou meses.

"Haverá controles e equilíbrios no poder do ANC, mas o risco final é que as brigas internas possam tornar a governança ineficaz", disse Simon Harvey, chefe de análise de câmbio da Monex Europe.

Com os resultados de 20,4% das urnas, a parcela de votos do ANC na eleição de quarta-feira é de 43,4%, com a Aliança Democrática (DA) com 24,8%, segundo dados da comissão eleitoral divulgados nesta quinta-feira.

O partido marxista Combatentes da Liberdade Econômica (EFF) ficou com 8,8%, enquanto o uMkhonto we Sizwe (MK), um novo partido liderado pelo ex-presidente Jacob Zuma, ficou com 8,1%, com apoio concentrado na província de KwaZulu-Natal, terra natal de Zuma.

Institutos de pesquisas e duas das três principais emissoras do país preveem que os resultados finais confirmarão que o ANC - que obteve 57,5% dos votos na eleição anterior, em 2019 - perderá sua maioria.

Enquanto os primeiros resultados se inclinam para as áreas rurais, onde o ANC é relativamente forte, os resultados dos centros urbanos, onde ele é mais fraco, se acumulam mais tarde.

"Não acho que seja provável que o ANC alcance a maioria", disse o pesquisador Reza Omar, da Citizen Surveys.

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O ANC tem vencido as eleições nacionais realizadas a cada cinco anos desde a histórica eleição de 1994, que marcou o fim do domínio da minoria branca e a ascensão de Nelson Mandela à Presidência.

Porém o apoio do ANC diminuiu devido à desilusão com questões como o alto índice de desemprego e criminalidade, frequentes apagões de energia e corrupção.

De acordo com a Constituição da África do Sul, a recém-eleita Assembleia Nacional escolherá o próximo presidente. Como o ANC ainda está a caminho de ser o maior partido, é provável que seu líder, Cyril Ramaphosa, seja o atual presidente.

Entretanto, um resultado ruim poderia torná-lo vulnerável a um desafio de liderança dentro das fileiras do partido, seja no futuro imediato ou em algum momento durante seu mandato.

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