Judeus de Roma ficam indignados após vídeos mostrarem antissemitismo na ala jovem do partido de Meloni

Por Angelo Amante

ROMA (Reuters) - A comunidade judaica de Roma pediu que a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, punisse os membros da ala jovem de seu partido que foram gravados fazendo comentários antissemitas e pró-fascistas em uma investigação da mídia.

Um repórter do jornal online Fanpage se infiltrou no Gioventu Nazionale, o movimento da juventude de direita do partido Irmãos da Itália de Meloni, e gravou vídeos nos quais os membros se declaravam fascistas e gritavam o slogan nazista "Sieg Heil".

A investigação também mostrou um membro do Gioventu Nazionale zombando da senadora Ester Mieli, do Irmãos da Itália, por sua origem judaica, e revelou bate-papos em plataformas de mensagens em que os militantes atacavam minorias étnicas.

O Fanpage transmitiu sua apuração em duas partes, a segunda na quarta-feira.

"A Comunidade Judaica de Roma condena as imagens vergonhosas de racismo e antissemitismo que emergiram da investigação do Fanpage", escreveu o presidente do grupo, Victor Fadlun, em sua conta na mídia social X nesta quinta-feira.

Fadlun ofereceu seu apoio a senadora Mieli e pediu ao Irmãos da Itália que tomassem "medidas apropriadas", dizendo que era "imperativo que a sociedade e as instituições" reagissem fortemente contra o ódio e a discriminação.

O Irmãos da Itália disse que os membros do grupo de jovens usaram uma linguagem "inaceitável", "incompatível com os valores" do partido, e prometeu punir os responsáveis. No entanto, a organização criticou a forma como as imagens foram capturadas, pois o repórter estava disfarçado.

O jornal italiano la Repubblica noticiou nesta quinta-feira que dois dos membros envolvidos na investigação haviam renunciado a seus cargos.

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O Irmãos da Itália tem suas raízes no Movimento Social Italiano (MSI), formado em 1946 como herdeiro direto do movimento fascista de Benito Mussolini, que governou a Itália por mais de 20 anos.

Meloni condenou várias vezes as leis racistas e antijudaicas promulgadas pelo ditador em 1938 e tem buscado transformar seu partido em uma força conservadora dominante.

Mas ela ignorou muitos apelos para que se declarasse "antifascista" e seus críticos dizem que até agora ela não conseguiu se distanciar totalmente do neofascismo.

O presidente do Senado, Ignazio La Russa, membro fundador do Irmãos da Itália, costumava exibir sua coleção de objetos de recordação de Mussolini ainda em 2018.

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