Recuo de geleiras nos Andes é sem precedentes na civilização humana, mostra estudo

Por Alexander Villegas

SANTIAGO (Reuters) - O recuo recente de geleiras nos Andes é algo sem precedentes na história da civilização humana, afirma um novo estudo publicado nesta quinta-feira na revista Science.    A descoberta chocou cientistas, que inicialmente planejavam estudar o atual estado das geleiras e como elas mudavam ao longo da civilização humana.    "Achamos que estávamos décadas distantes desse resultado", disse Andrew Gorin, principal autor do estudo, que inicialmente achou que os resultados eram um acaso. Eles foram confirmados, no entanto, por amostras posteriores.

"Isso mostra que está acontecendo mais rápido do que aqueles que estudam o tema acreditavam."    Gorin e o time de cientistas fizeram datação do carbono de rochas expostas recentemente pela redução das geleiras, medindo os níveis dos nuclídeos de berílio-10 e carbono-14, descobrindo que suas concentrações eram quase zero.    "Basicamente, se sua rocha consegue ver o céu, ela está acumulando esses nuclídeos", disse Gorin, acrescentando que a taxa desses nuclídeos mostra que a rocha não esteve exposta durante o Holoceno, há 11.700 anos, ou até mais.    "Eu apostaria todas as minhas economias que, de fato, essas geleiras estão menores do que eram desde o último período interglacial", que terminou há cerca de 115.000 anos, afirmou Gorin.    Recentemente, um correspondente da Reuters escalou montanhas dos Andes para testemunhar as mudanças relatadas pelos montanhistas, conforme as geleiras recuavam. Muitos descreveram condições cada vez mais perigosas e mudanças sem precedentes.    "Acho que é um sinal de que estamos deixando para trás as condições climáticas às quais estávamos acostumados, nas quais construímos a civilização global como a conhecemos”, disse.    (Reportagem de Alexander Villegas; reportagem adicional de Jake Spring)

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