Juíza de processo contra Trump diz que calendário eleitoral não afetará julgamento

Por Andrew Goudsward

WASHINGTON (Reuters) - Uma juíza dos Estados Unidos acusou nesta quinta-feira os advogados do ex-presidente e candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, de tentarem impedir a publicação, antes da eleição deste ano, em 5 de novembro, de possíveis novas evidências contra ele no caso da tentativa de reversão eleitoral em 2020.

O advogado de Trump John Lauro rejeitou a proposta dos procuradores para publicar as novas evidências que argumentam que o caso não sofre interferência de uma decisão da Suprema Corte de declarar ex-presidentes imunes a acusações.

“Parece a mim que o que você está tentando fazer é prejudicar a apresentação de evidências nesse caso, para que não interfira na eleição”, afirmou a juíza distrital Tanya Chutkan, dizendo “não estar preocupada com o calendário eleitoral”.

Trump, que não participou da audiência, enfrenta quatro acusações criminais que o acusam de usar falsas alegações de fraude para inverter os resultados da eleição e impedir a certificação de sua derrota para o presidente democrata Joe Biden.

Lauro disse que seria “injusto” permitir que o procurador especial Jack Smith apresentasse uma versão detalhada do processo, especialmente em um “período sensível”, antes da eleição presidencial, quando Trump enfrentará a vice-presidente, a democrata Kamala Harris.

Lauro afirmou que a defesa do ex-presidente deveria primeiro agir para pedir o afastamento das acusações, argumentando que o júri que analisou a acusação contra Trump, no mês passado, ouviu evidências que foram proibidas pela decisão da Suprema Corte.

O novo indiciamento, apresentado em agosto, incluiu as mesmas quatro acusações que o obtido no ano passado por Jack Smith, mas retirou alegações que a Suprema Corte considerou que não poderiam continuar fazendo parte do caso.

Por meio de seus advogados, Trump se declarou inocente.

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Chutkan analisou as propostas conflitantes de Smith, que está tentando levar o caso adiante, e de Trump, que está pressionando para adiar a ação até depois da eleição. A Suprema Corte orientou Chutkan a decidir se outras partes do caso devem ser descartadas.

O caso tem sido adiado por meses enquanto Trump perseguia sua alegação de imunidade. Ele argumentou que o indiciamento, assim como outros processos legais contra ele, são tentativas politicamente motivadas de prejudicar sua campanha presidencial.

A Suprema Corte decidiu em julho, por 6 votos a 3, que se presume que ex-presidentes sejam imunes a processos criminais por ações tomadas como parte de suas responsabilidades oficiais como presidente.

Smith argumentou que todas as alegações restantes não estão cobertas pela decisão de imunidade e podem ser levadas a julgamento.

Os promotores disseram que estão preparados para apresentar documentos judiciais expondo seu argumento "a qualquer momento que o tribunal considerar apropriado".

Os advogados de Trump, por sua vez, sugeriram que Chutkan não deveria começar a avaliar o impacto da decisão sobre a imunidade até dezembro, após a eleição.

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