Trump amplia divisões internas e enfraquece impulso de competitividade da UE

Por Philip Blenkinsop e Anita Komuves

BUDAPESTE (Reuters) - O objetivo da União Europeia de aumentar a competitividade para alcançar os rivais Estados Unidos e China ganhou nova urgência após a vitória de Donald Trump nas eleições, disse Mario Draghi nesta sexta-feira, à medida que aumentam as dúvidas de que o bloco esteja à altura da tarefa.

Trump avisou, antes de sua vitória presidencial nos EUA, que o bloco de 27 países teria que "pagar um alto preço" por não comprar exportações americanas em quantidade suficiente e ameaçou impor tarifas de 10% sobre todas as importações dos EUA.

O ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, disse, na cúpula do bloco antes de apresentar seu relatório sobre a competitividade da UE aos líderes nesta sexta-feira, que a sensação de crise se intensificou.

"O senso de urgência hoje é maior do que era uma semana atrás", disse a jornalistas nesta sexta-feira.

Ele referia-se às eleições nos EUA, mas poderia ter dito o mesmo sobre a própria União Europeia, após o colapso do governo alemão na quarta-feira. Dado os problemas internos do presidente francês Emmanuel Macron, o motor franco-alemão que normalmente impulsiona a UE está enfraquecido, se não quebrado.

A União Europeia está ficando para trás de seus concorrentes na transição verde e digital devido a fatores como inovação limitada, burocracia, altos preços de energia e dependência da China para matérias-primas essenciais.

Líderes da UE assinaram nesta sexta-feira a "Declaração de Budapeste", uma lista de tarefas com prazos para aprofundamento do mercado único, mais capital para investimentos e um mercado de energia unificado.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que seu novo mandato à frente da UE terá projetos nos primeiros 100 dias para ajudar a indústria a alcançar a neutralidade de carbono até 2050 e propostas para ampliar o mercado único da UE até junho.

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Draghi afirmou que o bloco precisa de um investimento adicional de 750 a 800 bilhões de euros por ano, mas os países mais moderados da UE já manifestaram objeções à ideia de que parte desse valor deveria vir de ativos conjuntos da UE.

Nesta sexta-feira, Draghi disse que a coisa mais urgente a fazer não é o financiamento conjunto, mas o combate à fragmentação do mercado único e dos mercados de capitais.

As discussões sobre uma União dos Mercados de Capitais (CMU), no entanto, se arrastam há uma década, diante de interesses nacionais enraizados, diferentes culturas empresariais e regulamentações nos países membros da UE.

A atual chefe do BCE, Christine Lagarde, disse que o bloco deve agir urgentemente para criar um sistema unificado para direcionar poupanças privadas a empresas inovadoras em grande escala e considerar "novas metodologias" para atingir esse objetivo, segundo autoridades que acompanham as discussões.

(Reportagem de Philip Blenkinsop e Anita Komuves)

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