Xi, da China, chega a Lima para a Apec e inaugura megaporto no Pacífico

Por Eduardo Baptista e Marco Aquino

LIMA (Reuters) - O presidente chinês, Xi Jinping, chegará a Lima nesta quinta-feira, dando início a uma semana de diplomacia na América Latina com a inauguração do enorme porto de águas profundas de Chancay, um dos investimentos em infraestrutura mais ambiciosos de Pequim na América Latina.

Xi participará da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico em Lima e depois da cúpula do G20 no Rio de Janeiro na próxima semana. Xi também fará visitas de Estado ao Peru e ao Brasil, ambos importantes fontes de minérios metálicos, soja e outras commodities que sustentam os principais setores chineses, como veículos elétricos e carne suína, além de garantir a segurança alimentar da população de 1,4 bilhão de habitantes do país.

Xi em Lima vai liderar, em Lima, uma cerimônia de inauguração do porto de Chancay, juntamente com a presidente do Peru, Dina Boluarte. Construído pela Cosco Shipping Ports e localizado na costa do Pacífico peruano, o megaporto controlado pela China já atraiu 1,3 bilhão de dólares em investimentos chineses, com a expectativa de bilhões a mais, já que Pequim e Lima pretendem transformar Chancay em um importante centro de transporte marítimo entre a Ásia e a América do Sul.

"Precisamos construir e administrar bem o porto de Chancay em conjunto e fazer com que 'de Chancay a Xangai' realmente se torne um caminho próspero para promover o desenvolvimento conjunto da China-Peru e da China-América Latina", escreveu Xi em um artigo de opinião publicado nesta quinta-feira no jornal oficial El Peruano.

A inauguração do porto ocorre em um momento em que Pequim busca explorar ainda mais a região latino-americana, rica em recursos, em meio a tensões comerciais com a Europa e preocupações sobre futuras tarifas do novo governo Trump nos EUA.

Maior investimento da China em um porto latino-americano, Chancay fez soar o alarme em Washington. A general Laura Richardson, ex-chefe do Comando Sul dos EUA, alertou no início deste mês, antes de se aposentar, que Chancay poderia ser usada pela marinha militar chinesa e para coleta de informações.

As ansiedades dos EUA em relação a Chancay refletem uma mudança mais ampla, de décadas, em uma região conhecida como o quintal de Washington, onde a China ultrapassou os Estados Unidos e se tornou o maior parceiro comercial de países como o Peru.

O jornal chinês Global Times, apoiado pelo Estado, escreveu em um editorial publicado na segunda-feira que o porto era uma "ponte para a cooperação prática entre a China e a América Latina e não é, de forma alguma, uma ferramenta para a competição geopolítica", chamando de "calúnias" as acusações dos EUA sobre o potencial uso militar do porto.

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(Reportagem de Eduardo Baptista e Marco Aquino em Lima, reportagem adicional de Zhang Yukun em Pequim)

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