Câmara dos EUA aprova projeto para evitar paralisação do governo à meia-noite; falta o Senado

Por Richard Cowan e Andy Sullivan e Katharine Jackson

WASHINGTON (Reuters) - A Câmara dos Representantes dos EUA, controlada pelos republicanos, aprovou nesta sexta-feira projeto para evitar a paralisação do governo à meia-noite pelo horário norte-americano (2h no horário de Brasília), desafiando a exigência do presidente eleito Donald Trump de também dar sinal verde para trilhões de dólares em novas dívidas.

A Câmara aprovou por 366 votos a 34 o projeto de lei, um dia após rejeitar a exigência de Trump relacionada ao teto da dívida.

O Senado, controlado pelos democratas, também precisará aprovar o projeto de lei para encaminhá-lo ao presidente Joe Biden, que, segundo a Casa Branca, o sancionaria para garantir que o governo dos EUA seja financiado depois da meia-noite, quando o financiamento atual expira.

A legislação busca estender o financiamento do governo até 14 de março, além de fornecer 100 bilhões de dólares para estados atingidos por desastres e 10 bilhões de dólares para fazendeiros. No entanto, não aumentaria o teto da dívida -- uma medida difícil que fez Trump pressionar o Congresso pela aprovação antes de assumir o cargo, em 20 de janeiro.

Uma paralisação do governo interromperia tudo, da aplicação da lei aos parques nacionais, e também suspenderia os salários de milhões de funcionários federais.

Um grupo comercial da indústria de viagens alertou que uma paralisação poderia custar às companhias aéreas, aos hotéis e a outras empresas 1 bilhão de dólares por semana, levando a interrupções generalizadas durante a movimentada temporada de Natal. As autoridades alertaram que os viajantes poderiam enfrentar longas filas nos aeroportos.

O pacote se assemelhava a um plano bipartidário que foi abandonado no início desta semana, após um fuzilamento online de Trump e do conselheiro bilionário Elon Musk, dizendo que a proposta continha muitas disposições não relacionadas.

A maioria desses elementos foi retirada do projeto de lei -- incluindo uma disposição que limitava investimentos na China que os democratas disseram que entraria em conflito com os interesses de Musk no país asiático.

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"Ele claramente não quer responder perguntas sobre o quanto planeja expandir seus negócios na China e quantas tecnologias norte-americanas planeja vender", disse a deputada democrata Rosa DeLauro no plenário da Câmara.

Musk, a pessoa mais rica do mundo, foi incumbido por Trump de liderar uma força-tarefa de corte de orçamento, mas não ocupa nenhum cargo oficial em Washington.

O projeto de lei também deixou de fora a exigência de Trump quanto ao teto da dívida do país, que foi rejeitada de forma contundente pela Câmara -- incluindo 38 republicanos -- na quinta-feira.

O governo federal gastou cerca de 6,2 trilhões de dólares no ano passado e tem mais de 36 trilhões de dólares em dívidas. O Congresso precisará agir para autorizar novos empréstimos até meados do ano que vem.

(Reportagem adicional de Susan Heavey)

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