Anúncio de Trump sobre Irã pode acender barril de pólvora no Oriente Médio
A tensão é grande em Israel depois do anúncio de que o presidente americano, Donald Trump, de que os Estados Unidos decidiram abandonar o acordo nuclear com o Irã. O anúncio foi seguido por uma explosão na Síria, que deixou 15 mortos no sul de Damasco, de acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Daniela Kresch, correspondente da RFI em Tel-Aviv
A terça-feira (8) foi de muita incerteza quanto ao futuro do Oriente Médio depois do comunicado do presidente americano, Donald Trump, que retirou os Estados Unidos do acordo entre as potências mundiais e o Irã, assinado em 2015. A medida reestabelece as sanções econômicas contra o país. Pouco depois do discurso, uma explosão foi registrada nos arredores de Damasco, na Síria, na base militar Al-Kiswa.
A imprensa oficial síria alega que foi um ataque aéreo israelense, acompanhado de outras incursões coordenadas a bases que teriam presença iraniana. Os militares israelenses afirmaram que não responderiam a essas acusações. Israel raramente confirma ou nega esse tipo de ação. A suspeita é de que Israel teria alvejado bases militares onde estariam sendo feitos preparativos para um ataque aéreo iminente ao Norte de Israel.
Isso porque o Irã prometeu retaliar uma ação militar, há dois meses, contra a base aérea síria perto da cidade de Homs na qual morreram sete militares iranianos. Todos esses ataques e contra-ataques levam ao temor de uma escalada de violência entre Israel e Irã que pode desencadear uma guerra de grandes proporções.
Nesta quarta-feira (9), o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu viajou para Moscou para tentar convencer os russos a pressionar o Irã para desistir de estabelecer bases militares na Síria e evitar, assim, um confronto direto com Israel.
Israel já se prepara para conflito
O exército israelense, por exemplo, deu orientação para que prefeitos de cidades nas Colinas de Golã, na fronteira com a Síria, abram os abrigos antiaéreos. Isso quer dizer abrir, limpar e colocar mantimentos nos bunkers públicos nas cidades e vilarejos da região para que pessoas possam se esconder em caso de ataque aéreo. Muitos prefeitos de outras cidades no norte de Israel, mesmo que não na fronteira com a Síria, também abriram seus abrigos antiaéreos públicos.
O ministério da Educação israelense cancelou todos os passeios escolares na região e o governo americano também alertou aos cidadãos americanos para que não visitem as Colinas de Golã. Mas, paralelamente, a orientação é para continuar a vida normalmente. As escolas estão funcionando, bem como o comércio e as repartições públicas.
Dentro de Israel, os passos coordenados de Trump e Netanyahu também não são consenso. Há analistas políticos e militares que concordam com a pressão americana e israelense contra Teerã e há outros que acham que os Estados Unidos deveriam, ao contrário, fortalecer o acordo nuclear com o Irã para tentar controlar melhor as ambições nucleares do país.
Netanyahu pede que outras potências suspendam o acordo
Depois do discurso de Trump, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, fez um pronunciamento pedindo às outras potências signatárias do acordo nuclear com o Irã que também suspendam o tratado, restabeleçam as sanções contra Teerã e ajudem a evitar o aumento da presença iraniana na Síria. Foi um pronunciamento coordenado com o anúncio de Trump, já que os dois líderes parecem estar agindo em uníssono.
Netanyahu disse que o Irã está cada vez mais presente na Síria, estabelecendo bases militares com o objetivo aberto de usar o país como base para atacar Israel.
Seria o preço pago pelo presidente sírio, Bashar al-Assad, pelo apoio iraniano contra opositores ao governo sírio depois de sete anos de guerra civil.
Irã diz que manterá compromisso mesmo sem EUA
O presidente de Irã, Hassan Rouhani, reagiu ao discurso de Trump afirmando que o país continuará no acordo nuclear, mesmo sem os Estados Unidos. A maioria dos países que se pronunciaram condenaram a atitude o presidente americano. O secretário-geral da ONU, António Guterres, e a líder da diplomacia da União Europeia, Federica Mogherini, pediram para que todos os lados envolvidos voltem a se comprometer com o acordo.
O ex-presidente americano, Barack Obama, disse que a decisão de Trump é um terrível erro e ex-secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que a medida isola os Estados Unidos de seus aliados europeus, além de colocar Israel em perigo. Mas houve reações mais pragmáticas e até em prol de Trump.
O presidente da França, Emmanuel Macron, por exemplo, disse que vai agir a favor de uma nova fórmula para manter a estabilidade no Oriente Médio, que lide também com a presença iraniana na Síria. Os Emirados Árabes Unidos, inimigos do Irã, afirmaram que apoiam a decisão do presidente americano.
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