Defesa de Braga Netto cita falta de 'devido acesso' a inquérito do golpe
A defesa do general Walter Braga Netto, indiciado por suspeita dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, criticou a falta de "devido acesso" ao relatório da Polícia Federal sobre o caso e reclamou de "indevida difusão" de informações a veículos de imprensa.
O que aconteceu
Advogados do ex-ministro da Defesa de Jair Bolsonaro (PL) divulgaram nota com críticas a informações divulgadas na imprensa sobre o inquérito. "A defesa técnica do general Walter Souza Braga Netto destaca e repudia veementemente, e desde logo, a indevida difusão de informações relativas a inquéritos, concedidas 'em primeira mão' a determinados veículos de imprensa em detrimento do devido acesso às partes diretamente envolvidas e interessadas", disse a defesa do candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Advogados disseram que vão aguardar "recebimento oficial" de informações sobre o inquérito. "Assim, a defesa aguardará o recebimento oficial dos elementos informativos para adotar um posicionamento formal e fundamentado", afirmaram.
Braga Netto, Bolsonaro e mais 35 pessoas foram indiciadas pela PF por suspeita de envolvimento em tentativa de golpe. Além deles, figuras como o general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Bolsonaro, e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, estão entre os indiciados.
O relatório da investigação, com 884 páginas, foi enviado ao STF (Supremo Tribunal Federal). Na Corte, o documento vai para as mãos do ministro Alexandre de Moraes. Com o indiciamento, a PF apontou quais crimes os investigados teriam praticado a partir do conjunto de elementos reunidos ao longo da investigação.
Pela primeira vez, um ex-presidente eleito no período democrático é indiciado como responsável por tramar contra a democracia no país. A reportagem tenta contato com a defesa de Bolsonaro e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
As investigações apontaram que os indiciados se estruturaram por divisão de tarefas. Isso teria permitido a "individualização das condutas e a constatação da existência de grupos", segundo a PF.
Entre os grupos, estão os de desinformação e ataques ao sistema eleitoral e outro responsável por "incitar militares a aderirem ao golpe de Estado". Há também o núcleo jurídico, o operacional de apoio às ações golpistas, núcleo de inteligência paralela e núcleo operacional para cumprimento de medidas coercitivas.
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