Londres exige explicações da Rússia após novos envenenamentos com Novichok
"A Rússia poderia se retificar e nos dizer o que aconteceu, o que eles fizeram e nos dar respostas às perguntas que ainda fazemos", declarou Wallace à BBC na manhã desta quinta-feira. Segundo ele, é Moscou que tem "as chaves para garantir a segurança da população".
O governo russo reagiu, afirmando que Londres nunca foi favorável a uma investigação comum entre os dois países sobre o envenenamento de Skripal. "Não temos informações sobre a substância utilizada, nem sobre a forma como ela foi utilizada" indicou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, ressaltando sua "preocupação" sobre a utilização repetida deste tipo de substância na Europa.
Casal foi encontrado inconsciente
Na quarta-feira (4), autoridades britânicas revelaram que um casal foi encontrado inconsciente no último sábado (30) em uma residência na cidade de Amesbury, no sudoeste da Inglaterra, a apenas alguns quilômetros de Salisbury, onde Skripal e sua filha foram envenenados com o Novichok. O homem e a mulher, de 44 anos, foram identificados por um amigo como Charlie Rowley e Dawn Sturgess, e estão internados em estado crítico.
Depois de realizar análises, a polícia concluiu que ambos foram expostos à mesma substância que Skripal e Yulia. Os serviços antiterroristas passaram a dirigir a investigação após os exames no laboratório militar de Porton Down identificarem o veneno.
Os investigadores se concentram agora em determinar se o casal teve contato com o mesmo lote do agente neurotóxico que envenenou Skripal e Yulia. Segundo as autoridades, não há nenhuma explicação, até o momento, para que essas duas pessoas tenham sido alvo de um ataque.
Novichok é fabricado na Rússia
Em março, o governo britânico declarou que o ataque de Salisbury foi cometido com um agente nervoso da família Novichok, fabricado em laboratórios militares russos. Para as autoridades do Reino Unido, só há duas opções: que Moscou utilizou a substância de propósito, ou que perdeu o controle do veneno.
Skripal é um antigo coronel dos serviços secretos militares russos, condenado por traição por passar segredos aos ingleses, que acabou se instalando na Inglaterra após uma troca de espiões. No entanto, o Kremlin sempre negou qualquer envolvimento no caso.
O incidente gerou uma crise diplomática entre a Rússia e o Reino Unido, com uma onda de expulsões de diplomatas por Londres e seus países aliados, de um lado, e de Moscou, de outro. Apesar de Serguei e Yulia Skripal terem sobrevivido ao ataque, o envenenamento do pai e da filha nunca foi esclarecido.
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