"Quem massacrou seu próprio povo? ": Macron ataca presidente sírio diante de embaixadores em Paris
O presidente da França, Emmanuel Macron, abordou nesta segunda-feira (27) as principais questões da diplomacia internacional junto a 250 embaixadores franceses, uma semana antes do fim oficial das férias de verão no Hemisfério Norte. Macron abordou assuntos sensíveis, como a manutenção do status quo político de Bashar al-Assad na Síria, que ele considera "um erro fatal", e falou ainda da retomada de suas visitas a capitais europeias, dentro de seu projeto de “refundação da Europa”.
Hiperativo e com um batalhão de projetos, o presidente francês, Emmanuel Macron, está de volta ao Eliseu, depois de um pequeno intervalo durante as férias passadas no Castelo de Bregançon, a residência oficial de verão dos chefes de Estado da França. Nesta segunda-feira, durante o encontro com os embaixadores franceses, Macron deu as diretivas para a política externa. A primeira crítica veio como um torpedo contra o presidente sírio Bashar al-Assad.
“A situação na Síria é alarmante", disse Emmanuel Macron, acusando o regime de Assad de preparação de uma nova ofensiva militar de magnitude", que seria uma “nova tragédia humanitária na região de Idlib”, último bastião de grupos rebeldes e jihadistas. No momento em que o conflito sírio se aproxima “da hora da verdade", o chefe de Estado também advertiu que manter o presidente sírio no poder seria "um erro fatal".
"Podemos ver aqueles que gostariam que, uma vez terminada a guerra contra o grupo Estado Islâmico, de facilitar um retorno à normalidade, com Bashar al-Assad no poder, alguns refugiados retornariam da Europa e alguns outros se reconstruiriam", disse Macron durante seu discurso anual aos embaixadores da França.
"Quem provocou esses milhares de refugiados? Quem massacrou seu próprio povo? Não é a França que deve designar os futuros líderes da Síria, mas é nosso dever e nosso interesse garantir que o povo sírio esteja em condições de fazê-lo", acrescentou o presidente francês.
Esta nova fase diplomática da França será liderada pelo representante pessoal do presidente da Síria, François Sénémaud, que acaba de deixar seu posto como embaixador no Irã. A nomeação deste ex-oficial do serviço secreto francês, de 61 anos, foi anunciada em junho.
A França fechou sua embaixada em Damasco em 2012 para protestar contra a repressão do regime sem, no entanto, interromper formalmente as relações diplomáticas. "Não reabriremos uma embaixada na Síria", disse em junho o porta-voz do governo, Benjamin Griveaux.
Segurança e soberania
Emmanuel Macron disse, durante o encontro com os embaixadores, que anunciaria, nas "próximas semanas", "iniciativas concretas" para promover a "estabilidade" do Oriente Médio, "que só pode ser construída no pluralismo". Ele declarou que se encontrou com o presidente iraniano Hassan Rohani antes da conversa com os embaixadores. Ele anunciou ainda que que viajaria para o Cairo "nos próximos meses", quando o Egito assumirá a presidência da União Africana.
Durante seu discurso na segunda-feira, o chefe de Estado indicou que apresentaria "nos próximos meses" um projeto para reforçar a segurança na Europa. Segundo ele, "a Europa não pode mais delegar sua segurança apenas aos Estados Unidos. Cabe a nós hoje assumir a responsabilidade e garantir a segurança e, portanto, a soberania europeia", disse ele. "Devemos levar em conta todas as consequências do fim da Guerra Fria", acrescentou, acrescentando que espera lançar uma "reflexão abrangente sobre esses temas com todos os parceiros da Europa e com a Rússia".
O discurso de retorno de Emmanuel Macron foi especialmente marcado por assuntos europeus, nove meses das eleições, para o Parlamento Europeu, que ocorrem em maio de 2019. O presidente francês viaja nesta terça-feira (28) para três dias na Dinamarca e na Finlândia, antes de ir no dia 6 de setembro para o Luxemburgo, onde participará de uma consulta de cidadãos sobre temas europeus com o primeiro-ministro belga, Charles Michel, e com o seu homólogo luxemburguês, Xavier Bettel.
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