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ONGs criticam Panamá por retirar bandeira marítima do Aquarius, navio que salva migrantes

24/09/2018 10h28

As ONGs SOS Mediterrâneo e Médicos Sem Fronteira denunciaram nesta segunda-feira (24) a decisão das autoridades do Panamá de retirarem a bandeira marítima do Aquarius, o navio utilizado pelas organizações para salvarem os imigrantes em perigo no mar. A embarcação se tornou um símbolo da crise que divide a Europa.

As autoridades panamenhas alegam que o Aquarius “desrespeita os procedimentos jurídicos internacionais” no salvamento dos migrantes no mar Mediterrâneo. As duas ONGs denunciam a “pressão econômica e a política exercida pelo governo italiano”, que desde junho “fechou as portas para os migrantes e preferem deixar as pessoas se afogarem no mar”.

Em Roma, o ministro do Interior, Matteo Salvini, assegurou que o país não exerceu nenhuma pressão sobre o Panamá, mas declarou “ser evidente que nenhum país no mundo quer estar associado a um navio que cria obstáculos às operações de resgate no mar e se recusa a trabalhar com a guarda-costeira líbia”.

Decisões políticas

Mas de acordo com o Panamá, que teme “sérias dificuldades políticas” caso mantenha o Aquarius em seus registros, a principal queixa vem das autoridades italianas. O governo afirma que o navio se recusou a “devolver’” os migrantes e refugiados ao seu país de origem.

“Estamos chocados com essa informação. Somos hoje o único barco em águas internacionais. Sabemos que pessoas morrem todos os dias na costa da Líbia de maneira totalmente inútil. Neste momento por exemplo, acabamos de ser informações que uma embarcação está afundando com 100 pessoas a bordo”, disse Aloys Vimard, responsável da ONG Médicos sem Fronteiras no navio Aquarius, à RFI. “O contexto é terrível e somos atacados por decisões políticas. São pessoas totalmente vulneráveis”, ressalta.

As ONGs pediram aos dirigentes europeus que atribuam uma nova bandeira ao Aquarius, ou interceda junto às autoridades panamenhas para que os voluntários “possam continuar sua missão”.

Os outros navios humanitários que atuavam na área deixaram a região por motivos variados: o Lifeine está bloqueado em La Valette, em Malta, o Luventa foi confiscado pelas em 2017 pelas autoridades italianas, sob suspeita de estar associado a coiotes e o Open Arms está patrulhando a costa espanhola. Desde 2015, mais de 1250 pessoas morreram afogadas tentando atravessar o Mediterrâneo.