"Quem deu a ordem para matar Khashoggi?", questiona presidente turco
O presidente da Turquia, Recep Tayyp Erdogan, anunciou nesta sexta-feira (26) que o procurador-geral saudita, Saoud ben Abdallah, deve chegar neste domingo (28) à Istambul para participar da investigação sobre a morte do jornalista Jamal Khashoggi.
Na quinta-feira (25), o procurador-geral saudita disse pela vez primeira que o crime pode ter sido “premeditado”, se baseando em informações fornecidas pela Turquia. Neste domingo, ele irá se encontrar com o procurador-geral da República em Istambul, Irfan Fidan, declarou Erdogan em um discurso em Ancara.
O presidente turco também afirmou que as autoridades turcas detinham outras provas do assassinato do jornalista, ocorrido no dia 2 de outubro no consulado saudita em Istambul. Segundo a Turquia, ele foi executado por agentes de Riade. “O fato que Khashoggi foi morto é uma evidência. Mas onde ele está? Onde está seu corpo?”, questionou o dirigente turco. “Quem deu a ordem ? As autoridades sauditas devem uma explicação.”
Erdogan ainda acrescentou que a Turquia tinha compartilhado suas provas com outros países, entre eles a Arábia Saudita, e criticou a postura do país depois da morte de Khashoggi, afirmando que ele deixou o consulado vivo. “Essas declarações foram hilárias, pueris, incompatíveis com um Estado sério”, declarou o presidente turco.
Três versões
O chefe da diplomacia turca, Mevlüt Cavusoglu, conversou por telefone nesta sexta-feira com o ministro saudita das Relações Exteriores, Adel al-Jubeir, sobre a investigação. As autoridades sauditas inicialmente negaram sua morte, mas sob pressão internacional, deram várias versões sobre o fato.
De acordo com a primeira versão saudita, uma “rixa” teria provocado a morte de Khashoggi. Em seguida, ele teria sido morto em uma operação “não-autorizada”, da qual o príncipe herdeiro, Mohammed ben Salman, não tinha sido informado. No total, 18 suspeitos, todos sauditas, foram presos. Na quarta-feira, o príncipe herdeiro qualificou o assassinato de “doloroso”. O homicídio provocou indignação internacional e prejudicou a imagem do reino, primeiro exportador de petróleo do mundo.
“A morte apresenta todos os aspectos de uma execução extrajudicial e cabe ao Reino Saudita demonstrar que esse não foi o caso”, disse Agnès Callamard, relatora da ONU sobre execuções extrajudiciais.
Jornalista conhecia risco
Jamal Khashoggi achava que as autoridades sauditas tinham a intenção de interrogá-lo ou prendê-lo na Turquia, mas temia que sua visita ao consulado reavivasse tensões entre os dois países. A informação é de sua mulher, Hatice Cengiz, em entrevista ao jornal Haberturk.
O jornalista não queria retornar ao consulado, onde foi morto no dia 2 outubro. Segundo Cengiz, ele foi bem recebido na sua primeira visita, em 28 de setembro. Ele não pediu que a esposa ligasse por precaução, mas comentou que o jornalista já havia dado o contato do presidente turco Yasin Aktay em caso de problema.
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