Ainda há muitas dúvidas sobre futuro do Brasil com Bolsonaro, avaliam especialistas
“A divisão do Brasil veio da rejeição. Não apenas dos votos nulos. Uma boa parte dos eleitores de Bolsonaro votaram contra o PT e boa parte dos que votaram no Fernando Haddad que não são petistas votaram contra Bolsonaro”, avaliou Alfredo Valladão sobre o resultado das urnas.
“Temos uma situação de exasperação da população com a violência, a economia, a corrupção. Pior ainda, Bolsonaro não apresentou nenhum programa sério. O programa do PT não era considerado factível. Estamos em uma espécie de nimbo. Ninguém sabe direito para onde vai”, avalia.
Para o cientista político, uma coisa é certa: “Para que o Brasil seja governável, tanto o novo presidente vai precisar negociar com o Congresso, e portanto com parte da oposição, e a oposição vai ter que se mostrar responsável. Senão, podemos ir para um drama ainda maior. Estamos ainda em uma incerteza”.
A historiadora Juliette Dumont expressou receio sobre o futuro da democracia brasileira, que segundo ela já deu sinais de fragilidade nos últimos dois anos em ações tomadas pelo judiciário, executivo e legislativo. “Esse candidato [Bolsonaro] saiu dos padrões da democracia. Primeiro, por rejeitar todo tipo de debate com o adversário. E qualificar o adversário como inimigo a ser eliminado também não faz parte da democracia”, avaliou.
“Vamos ver se ele vai endossar certas responsabilidades para seguir o padrão da democracia, que é o debate, o respeito ao adversário, ou vai seguir nessa via perigosa”, pondera.
Chamou atenção da historiada o discurso no qual o candidato derrotado, Haddad, falou muito em medo. “Ele disse que estará ao lado das pessoas que têm medo. E não é um medo apenas visto pelos observadores internacionais. Tem um medo no Brasil, das pessoas que defendem a democracia e pertencem a certas minorias e intelectuais que são alvos de ataques”.
O professor de Ciências Políticas avalia que o sentimento é compartilhado pelos eleitores dos dois candidatos, mas reforça a convicção nas instituições democráticas brasileiras.
“Há um medo grande mas ele é dos dois lados. O voto, tanto de um lado quando do outro foi de medo. Medo de volta da ditadura militar, de outro, de [se tornar] Venezuela, esse tipo de coisa. Acho que as instituições democráticas são mais fortes. Estamos vivendo o maior período democrático da história republicana do Brasil”, pondera.
Confira no vídeo abaixo, as opinião dos dois especialistas sobre o futuro do país com Jair Bolsonaro, eleito com mais de 55% dos votos dos brasileiros neste domingo (29).
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