Funcionários de universidades francesas protestam contra aumento de matrícula para estrangeiros
O aumento do preço da matrícula nas universidades públicas na França já provocou muitas reações. Os alunos, os mais interessados nessa questão, já começaram a se mobilizar. Agora foi a vez das próprias instituições se posicionarem sobre o assunto: vários reitores e conselhos de administração expressaram descontentamento com os novos valores.
O aumento do preço da matrícula nas universidades públicas na França já provocou muitas reações.O anúncio feito no dia 19 de novembro pelo primeiro-ministro francês, Édouard Philippe, pegou todo mundo de surpresa. A partir de 2019, a inscrição para a graduação custará € 2.770, enquanto a do mestrado e do doutorado será de € 3.770. Atualmente, os valores anuais para graduação, mestrado e doutorado são de € 170, € 243 e € 380, respectivamente – isto é, haverá um aumento de mais de 1.500% no custo do ensino superior.
No dia 23 de novembro, centenas de estudantes e militantes se reuniram na Escola Normal Superior, em Paris, para discutir sobre como eles reagiriam para fazer oposição à decisão do governo de Emmanuel Macron. Uma manifestação também está prevista para esse fim de semana na capital.
Mas os estudantes, principais vítimas do aumento, não são os únicos a protestarem. Funcionários de grandes universidades francesas, com tradição política de esquerda, também se mobilizaram contra a mudança de preço. É o caso de Rennes-II, Paul-Valéry-Montpellier, Paris-VII ou a Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais (EHESS).
“Essa medida brutal e cínica é fruto de uma reflexão a curto prazo”, afirmou, ao jornal Le Monde, Christophe Prochasson, reitor da EHESS, onde 37% dos doutorandos são estrangeiros. “Por trás dessa decisão financeira, temos o risco de esvaziar cientifica e intelectualmente nosso país”.
Bolsas prometidas pelo governo não serão suficientes
O governo prometeu, em contrapartida, criar 21.000 bolsas (atualmente, existem 7.000). Mas, segundo Philippe Saltel, professor na universidade de Grenoble, “elas não serão suficientes”. “Nós temos uma responsabilidade, como membros da comunidade francófona, de permanecer abertos”, declara, ressaltando que pelo menos 80.000 estudantes vêm de países africanos como Marrocos, Algéria, Tunísia e Senegal.
“A gratuidade é um principal fundamental de nossa universidade, mas tendo em vista o sufoco financeiro e a insuficiência dos recursos do Estado, sentimos que chegamos ao limite de nosso modelo”, lamenta François-Olivier Seys, vice-presidente de relações internacionais da Universidade de Lille.
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