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Vice-presidente de Cuba diz que Bolsonaro foi insensível com médicos do país

21/12/2018 08h01

O vice-presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, afirmou na quinta-feira (19) que o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, atuou com "soberba" e foi "insensível" ao questionar o profissionalismo dos médicos da ilha que trabalhavam no país por meio de um convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

O vice-presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, afirmou na quinta-feira (19) que o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, atuou com "soberba" e foi "insensível" ao questionar o profissionalismo dos médicos da ilha que trabalhavam no país por meio de um convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).

"Não tínhamos outra opção além da retirada de Cuba do programa Mais Médicos", disse Díaz-Canel em uma cerimônia de homenagem aos profissionais da saúde que retornaram a Havana. "Era impossível permanecer de braços cruzados diante de um governo eleito com soberba e insensível, incapaz de entender que nossos médicos chegaram ao país movidos pelo impulso de servir ao povo", disse.

O governante cubano confirmou o retorno de 7.635 médicos que integravam o programa "Mais Médicos" no Brasil e que atendiam principalmente áreas menos favorecidas, em cidades com vagas que não haviam sido preenchidas por profissionais brasileiros. O número corresponde a 90% dos profissionais que atuavam no país. Outros 836 optaram por permanecer no Brasil.

"Todos tiveram despedidas com abraços e lágrimas de milhares de brasileiros de coração nobre e valores humanos superiores aos do novo presidente, cujas declarações e ameaças provocaram o retorno", disse. Havana determinou em novembro a saída de seus profissionais contratados durante o governo de Dilma Rousseff, por meio de um convênio com a Organização Pan-Americana de Saúde.

“Trabalho escravo”

A decisão foi tomada após as críticas de Jair Bolsonaro, que assumirá a presidência no dia 1 de janeiro. O presidente eleito chegou a afirmar que alguns médicos eram agentes cubanos. Ele criticou o que considerava condições de "trabalho escravo" dos médicos que foram contratados, separados de suas famílias e recebendo apenas parte do salário, já que o restante era destinado ao governo cubano.

Inclusive chegou a oferecer trabalho, mas sem a intervenção de terceiros. Bolsonaro não convidou Cuba para sua posse. Díaz-Canel afirmou que os profissionais de Cuba chegaram "a locais esquecidos pelos seletivos serviços médicos do capitalismo selvagem pregado e de defendido por Bolsonaro". Médicos cubanos trabalham em 67 países, alguns de fora gratuita e em outros por meio de convênios e parcerias que representam uma renda anual de U$ 11 bilhões para a ilha.

(Com informações da RFI Brasil)