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Ranking das democracias aponta presidente do México como "mais ameaçador" do que Bolsonaro

09/01/2019 16h01

O ranking anual das democracias, publicado nesta quarta-feira (9), chama atenção para a ascensão do populismo na América Latina, com destaque para o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro. Produzido pelo instituto de pesquisas The Economist Intelligence Unit, que pertence au jornal inglês The Economist, o documento descreve o político do PSL como um "ex-militar da extrema direita, que exalta a ditadura militar e promete ser duro contra o crime". O Brasil aparece em 50ª posição, como uma "democracia falha".

O ranking anual das democracias, publicado nesta quarta-feira (9), chama atenção para a ascensão do populismo na América Latina, com destaque para o presidente brasileiro, ...

De acordo com o relatório do The Economist, as razões para a eleição de Bolsonaro e do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, foram as mesmas: a população estava apenas cansada da corrupção, da violência, da pobreza e das desigualdades. O documento, no entanto, ressalta que os dois políticos têm pouco em comum, já que o chefe de Estado mexicano é de esquerda.

As declarações “racistas, misóginas e homofóbicas” de Bolsonaro figuram no texto do instituto, assim como a campanha de oposição, com a hashtag #EleNão. Mas o fato de que Obrador, no México, tem maioria no Congresso, faz dele mais ameaçador para a democracia do que o presidente brasileiro, que enfrentará resistência dos parlamentares. A nação mexicana aparece em 70ª posição no ranking.

Além disso, o relatório afirma que Obrador fez uso de consultas populares não oficiais para ganhar aprovação em suas decisões políticas, algo que ele pretende continuar fazendo enquanto for eleito. “Não se pode determinar como o poder legislativo – tradicional forma de controlar o executivo – vai funcionar se López Obrador continuar a usar expressões como ‘vontade do povo’ para intimidar o Congresso”, afirma o texto.

O fato de que o México tem uma economia forte e baixa dívida pública, com menos pressão fiscal do que o Brasil, também coloca o chefe de Estado mexicano numa posição de maior ameaça democrática do que Bolsonaro, já que o terreno será mais fértil para aplicar políticas populistas e ganhar popularidade, segundo o relatório.

“Desde a posse, no dia 1° de janeiro, Bolsonaro controlou seu discurso, talvez em reconhecimento da dificuldade de buscar apoio no Congresso. Mas nos dois países [México e Brasil], há uma incerteza substancial em torno da prática política, e não está claro como esses dois líderes vão mudar a democracia em seus governos, ou mesmo na região [latino-americana] ao longo dos anos”, conclui o documento.

Na Europa, Itália cai e França mantém seu lugar como “democracia imperfeita”

A Itália, que está desde junho do ano passado nas mãos de um governo antissistema (Movimento 5 Estrelas) e de extrema direita (A Liga), caiu drasticamente no ranking anual das democracias estabelecido pelo instituto The Economist Intelligence Unit. O documento coloca o país na 33ª posição em 2018, doze abaixo em comparação com 2017.

A queda é justificada em grande parte pelas medidas do partido A Liga, do ministro do Interior, Matteo Salvini. A sigla se uniu com o Movimento Cinco Estrelas, dirigido por Luigi Di Maio, mas esse último não foi citado no relatório dos especialistas ingleses.

A Itália sofre de uma “profunda desilusão no meio de seu Parlamento e de seus partidos, que se reflete no apoio a líderes que não respeitam as instituições políticas”, diz o documento. Salvini proferiu diversas vezes um “discurso anti-estrangeiros” e sugeriu a evacuação dos ciganos que ocupam casas ilegalmente. “Tudo isso contribui ao risco de deterioração das liberdades civis”, estima o relatório.

O ranking anual também aponta o fato de que o governo italiano atual apresenta novos riscos de reduzir as liberdades dos cidadãos, como o novo decreto de segurança e imigração aprovado por Salvini em novembro. Sua principal medida era abolir a permissão de vistos humanitários até agora oferecidos a pessoas vulneráveis, mulheres e crianças.

A França mantém sua 29ª posição, como vários outros países da Europa do Oeste, classificados como “democracias imperfeitas”. O primeiro lugar permanece sendo o da Noruega, seguida da Islândia, da Suécia, da Nova Zelândia e da Dinamarca. Os três últimos são a República Democrática do Congo (165ª), a Síria (166ª) e a Coreia do Norte (167ª).