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Macron é criticado ao dar bronca em idosa ferida durante ato dos "coletes amarelos"

25/03/2019 15h19

A polêmica sobre as condições em que uma ativista antiglobalização de 73 anos foi ferida no sábado, durante uma ofensiva das forças de segurança contra os "coletes amarelos", cresceu, nesta segunda-feira (25), especialmente depois de declarações do presidente Emmanuel Macron, dizendo que ela deveria evitar se manifestar em locais proibidos.

A polêmica sobre as condições em que uma ativista antiglobalização de 73 anos foi ferida no sábado, durante uma ofensiva das forças de segurança ...

As imagens de Geneviève Legay, deitada na calçada com o crânio sangrando, à margem de uma manifestação dos "coletes amarelos" em Nice (sudeste), viralizaram nas redes sociais, muitas vezes acompanhadas de denúncias da violência policial na França.

Dois dias depois dos acontecimentos, o presidente francês desejou à septuagenária uma "rápida recuperação, e talvez uma forma de sabedoria": "Quando somos frágeis e podemos ser empurrados, não vamos a lugares que são definidos como proibidos e não nos colocamos em situações como esta ", disse Macron em entrevista ao diário regional Nice-Matin.

Mesma história com Christian Estrosi, o prefeito de Nice (LR, de direita), conhecido por sua política linha dura em matéria de segurança pública. "Basta de atacar a polícia! Havia uma proibição para protestar lá. Desejo uma recuperação rápida para esta senhora, que poderia perfeitamente ter se manifestado às 14h no local onde foi permitido ", declarou.

Uma investigação foi aberta para determinar o desenrolar dos acontecimentos que levaram Legay a ser hospitalizada no sábado com múltiplas fraturas cranianas.

Mélenchon ironiza “lições de sabedoria” do presidente

Um comício de apoio estava programado para o final da tarde de segunda-feira e a família de Geneviève  Legay deve apresentar uma queixa por "violência armada por pessoas que detêm autoridade pública contra pessoas vulneráveis". Esta queixa também será dirigida ao responsável pela polícia, anunciou o advogado da família, Arié Alimi.

"Se há uma proibição de manifestações, se a manifestação é feita sem uma declaração, não importa: do ponto de vista da lei, a questão é se as forças de segurança eram proporcionais ou não e se a infração (por parte da polícia) foi praticada", disse o Alimi.

O advogado também criticou as palavras do Presidente da República, julgando-as "rudes e indelicadas": "Não criticamos alguém que está em uma cama de hospital e nossos idosos têm o direito de expressar suas convicções políticas ".
A reação do chefe de Estado também provocou críticas virulentas à esquerda.

"Sr. Macron, nossa Geneviève de Nice não precisa de suas lições de sabedoria. Você teria muito a aprender com ela. Ela luta pelo bem dos outros. E você, você quer atingi-la em nome de quê?", tuitou Jean-Luc Mélenchon, o líder do partido de esquerda radical A França Insubmissa.

(Com informações da AFP)