Após concessões em reforma da Previdência, governo francês aguarda propostas dos sindicatos
O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou medidas neste fim de semana destinadas a acalmar os sindicatos mais reformistas e tentar colocar fim à greve que dura mais de um mês, mas o líder da organização sindical CFDT, Laurent Berger, disse nesta segunda-feira (13) que "a história ainda não chegou ao fim."
O premiê francês anunciou no sábado (10) que poderá retirar a proposta da reforma da Previdência, que estabelece 64 anos como a idade mínima para se aposentar com o benefício completo, a partir de 2027. Este é um dos pontos mais polêmicos do projeto, mas a decisão do Executivo, avalia o representante do sindicato, "não é uma solução para a crise."
Em entrevista neste domingo (12) ao canal France 2, o primeiro-ministro francês reiterou, entretanto, que manterá o projeto da reforma. "Vamos até o fim e, no fundo, aqueles que defendem a continuação da greve estão em um impasse e deve assumir suas responsabilidades", declarou. "É preciso saber terminar uma greve", insistiu. Ele também homenageou os "milhões de franceses que são obrigados a suportar as greves", antes de lembrar sua "determinação" a preservar o equilíbrio financeiro do sistema.
Para o maquinista Xavier Bregail, do sindicato Sud Rail, ouvido pela RFI, o anúncio feito pelo premiê foi apenas um "jogo de comunicação". "Não é esse anúncio que colocará fim ao movimento, mas sim a retirada do projeto em sua totalidade", diz. "Esse projeto é nefasto para todos, a população entendeu isso: é preciso trabalhar mais tempo para ganhar menos no fim", afirma. "A determinação de todos os grevistas é forte, pode acreditar."
Como financiar o sistema?
Em contrapartida à concessão sobre a idade mínima, o governo também pediu aos sindicatos propostas viáveis para financiar a Previdência a médio e longo prazo. Durante três meses, representantes do patronato, dos sindicatos e representantes do Estado e do Tribunal de Contas vão debater como economizar os € 12 bilhões que correspondem ao aumento da idade para se aposentar com o benefício integral.
A greve na França completa 40 dias nesta segunda-feira (13) e o transporte continua parcialmente paralisado. Nesta semana, os sindicatos da categoria devem anunciar qual será a evolução do movimento. A proposta de reforma visa fundir 42 regimes especiais existentes, entre eles os dos maquinistas, que hoje podem se aposentar mais cedo. O Executivo defende uma Previdência "mais justa", mas os opositores temem uma diminuição do benefício com mais anos de trabalho.
Nesta terça-feira (14), a jornada de mobilização começa com uma manifestação nos portos franceses, lançada pela Federação Nacional dos Portos, sugerindo aos assalariados que parem por 72 horas. Outra ação de peso é a demissão de mil médicos do coletivo Inter-Hôpitaux, que pedem por melhores condições de trabalho. Uma nova greve geral está marcada para esta quinta-feira (16).
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