OMS alerta que não há provas de que pessoas infectadas ficam imunes ao coronavírus
A Organização Mundial de Saúde alertou nesta quinta-feira (23) através de um comunicado, que não existem provas de que as pessoas que se recuperaram da Covid-19 estejam protegidas contra uma nova infecção. Segundo a organização, os chamados "passaportes imunitários" podem favorecer a propagação da pandemia.
Alguns governos levantaram a ideia de distribuir documentos atestando a imunidade das pessoas com base em testes serológicos, que revelam a presença de anticorpos no sangue. Os "passaportes" possibilitariam tirar populações do confinamento, permitindo o retorno ao trabalho e a retomada da atividade econômica.
Mas a eficácia de uma imunização graças aos anticorpos não foi provada até agora pelas informações científicas disponíveis, o que não justificaria um "passaporte imunitário" ou um "certificado de ausência de risco", previne a OMS.
"As pessoas que acham que estão imunizadas contra uma reinfecção porque tiveram um resultado positivo nos exames poderiam ignorar recomendações de saúde pública. O recurso a este tipo de certificados poderia ter como consequência o aumento de transmissões contínuas", insiste a organização.
A OMS também afirma que os testes serológicos utilizados atualmente "precisam de uma validação suplementar para determinar sua precisão e sua fiabilidade".
Os exames devem permitir diferenciar a resposta imunitária ao novo coronavírus dos anticorpos produzidos durante uma infecção por algum dos seis outros coronavírus humanos conhecidos atualmente. Entre eles, quatro são predominantes e provocam resfriados benignos. Os outros dois são os causadores da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS, sigla em inglês) e da Síndrome Respiratória Aguda Severa (SRAS, sigla em inglês).
As pessoas infectadas por qualquer um desses vírus podem produzir anticorpos que interagem com os anticorpos produzidos em resposta à infecção provocada pelo SARS-CoV-2, por isso é necessário identificá-los, segundo a OMS.
Iniciativa histórica
A ONU lançou, nesta sexta-feira (24), uma iniciativa global para acelerar a produção de vacinas e tratamentos contra a COVID-19. A decisão foi apresentada durante uma conferência virtual, que reuniu vários países, organizações internacionais, entre elas a OMS, fundações e empresas privadas.
"É uma colaboração histórica para acelerar o desenvolvimento, a produção e a distribuição equitativa de vacinas, de testes de diagnóstico e de tratamentos para a COVID-19", disse o diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. "Nosso compromisso comum é garantir que todos tenham acesso a todos os instrumentos que visam a triunfar sobre a COVID-19", acrescentou.
Lutar contra a atual pandemia será o "esforço de saúde pública mais maciço da história", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Concretamente não se informou o mecanismo de cooperação que deverá ser adotado no âmbito desta iniciativa. Com relação ao pacote financeiro, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, supervisionará em 4 de maio uma conferência de doadores com o objetivo de arrecadar €7,5 bilhões (R$ 45,42 bilhões de reais).
Também se pronunciaram o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, os chefes de governo italiano, Giuseppe Conte, e espanhol, Pedro Sanchez, bem como a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Nem a China, onde os primeiros casos do novo coronavírus foram anunciados no final de dezembro, nem os Estados Unidos, hoje o epicentro da pandemia com quase 50.000 mortes e 900.000 casos, foram representados.
Em mensagem posterior enviada à AFP, um porta-voz da representação americana informou que autoridades dos Estados Unidos seguiam "profundamente preocupados sobre a eficácia da OMS, levando em conta que seus graves erros contribuíram para a atual pandemia".
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