Covid-19: França ensaia volta à "normalidade" após 55 dias de quarentena
Depois de 55 dias de quarentena, a França retoma gradualmente as atividades nesta segunda-feira (11) com a abertura do comércio e parte das escolas. Milhões de franceses recuperam uma liberdade relativa, no momento em que o país registra seu menor nível de mortes pela Covid-19 desde 17 de março e a entrada em vigor das medidas de isolamento social.
As 400 mil lojas do país só poderão receber simultaneamente quatro clientes. O retorno às aulas também será gradual: apenas um quarto dos alunos do ensino fundamental e em dias diferentes da semana.
O uso de máscaras é obrigatório nos transportes públicos e o distanciamento entre passageiros tem que ser respeitado. A multa por falta de máscara é de € 135 , cerca de R$ 830. O governo pede a todos os franceses que puderem para continuarem a trabalhar em casa. Mas quem tiver que voltar ao local de trabalho, as empresas devem reservar 4 metros quadrados de distanciamento para cada colaborador.
O governo martela que este 11 de maio não representa ainda uma volta à normalidade. "Graças a vocês, a epidemia recuou. Mas o vírus ainda está presente. Salvem vidas; continuem sendo prudentes", tuitou o presidente Emmanuel Macron antes do início da flexibilização da quarentena.
Epidemia recua
A epidemia continua sua lenta diminuição. No domingo (10), a Covid-19 matou na França 70 pessoas, registrando o menor balanço diário de vítimas desde a entrada em vigor do confinamento, em 17 de março. A pressão nos serviços hospitalares diminuiu, mas com um saldo total de mais de 26.000 mortes a prudência ainda é necessária para evitar a tão temida segunda onda de contaminação.
Concretamente, para toda a população, a flexibilização significa o fim do porte obrigatório de um documento justificando o motivo para sair de casa. Mas outras restrições foram impostas, como a proibição de viagens de mais de 100 km do domicílio e a obrigação de ter uma autorização profissional para usar os transportes públicos nos horários de pico.
A aprovação final dessa regulamentação da flexibilização do confinamento na França, prevista no projeto de lei que prolonga o estado de emergência sanitária por dois meses no país, está atrasada. O Conselho Constitucional deve ainda avalizar o dispositivo e, antes de sua entrada em vigor, o governo pede que os franceses sejam "responsáveis".
Transportes públicos
O fim da quarentena significa a retomada da atividade econômica necessária para superar a grave recessão provocada pela crise do coronavírus. Com a volta ao trabalho de milhões de franceses, as autoridades temiam uma grande afluência nos transportes públicos nesta segunda-feira.
Na estação parisiense da Gare du Nord, a maior da Europa, a grande maioria dos passageiros respeitava nesta manhã a obrigação de usar de máscaras, constatou o repórter da RFI, Simon Rozé. Quem não tinha a proteção, podia contar com a ajuda de uma associação que distribuía o produto no local.
O Estado prometeu disponibilizar "10 milhões de máscaras para os usuários de transportes públicos em todo o país, sendo 4,4 milhões na região parisiense", indicou no domingo (10) o ministro do Interior, Christophe Castaner.
Neste primeiro dia, o movimento nas redes do metrô, ônibus e trens era maior do que durante o confinamento, mas muito inferior à normalidade. Isto não impediu que alguns usuários se sentissem inseguros.
"Todo mundo usava máscara, mas o distanciamento não estava sendo respeitado. Quando entrei no trem, ele estava vazio. Mas na estação seguinte, muitas pessoas entraram e encostaram em mim", testemunhou uma mulher à reportagem da RFI.
A retomada acontece até agora "corretamente", garantiu o secretário de Estado encarregado do Transporte, Jean-Baptiste Djebbari. Mas imagens e vídeos de vagões lotados, publicados nas redes sociais, levantam dúvidas sobre a capacidade de respeitar o distanciamento social nos transportes públicos, que circulam com serviço reduzido.
Para evitar essa situação, os franceses são convidados a trabalhar em horários alternativos. Além disso, novas ciclovias foram abertas temporariamente, em Paris e outras cidades franceses, para incitar o uso da bicicleta
Volta às aulas
As escolas do ensino fundamental serão as primeiras a reabrir. Mas nesta segunda-feira, apenas os professores retornaram ao trabalho para preparar a recepção dos alunos.
"Cerca de 86% das 50.500 escolas da França vão reabrir para receber mais de 1,5 milhão de crianças" do maternal e do ensino fundamental, garantiu o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, ao Jornal du Dimanche. O número representa menos de um quarto do total de 6,7 milhões de alunos do ensino fundamental na França. O retorno é opcional e os pais podem decidir manter os filhos em casa.
Os estudantes do ensino médio poderão voltar às aulas antes do fim de maio, mas isto vai depender da taxa de contaminação de suas regiões nas próximas semanas.
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