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Coronavírus: OMS alerta contra hipotética "imunidade coletiva"

12/05/2020 11h12

Imunidade de grupo ou imunidade coletiva, uma solução confiável na luta contra a Covid-19? O princípio consiste em deixar o vírus se propagar na população para que esta possa desenvolver anticorpos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) contesta a tese.

Do correspondente da RFI em Genebra, Jérémie Lanche

A Grã-Bretanha chegou a debater a ideia, antes de abandoná-la. A Suécia e a Holanda parecem cogitar o conceito. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta: nada indica que a imunidade de grupo funcione.

"Imunidade de rebanho" é a expressão em inglês ("herd immunity") para se falar de imunidade coletiva. Mas o conceito não agrada a Mike Ryan, chefe de operações de emergência da OMS. "Em epidemiologia animal, a preocupação é com o bem-estar global do rebanho, e não de um animal em particular. Os humanos não são animais", diz.

Para Ryan, a hipótese não se sustenta. Para começar, ele explica, porque ainda não se sabe se as pessoas que já tiveram a Covid-19 estão imunizadas de verdade e por quanto tempo.

Falta de ética

Além de ser perigosa, a estratégia de imunidade coletiva não seria ética. "Essa ideia de dizer que os países que adotaram as medidas menos restritivas vão, miraculosamente, atingir um estado de imunidade coletiva, e paciência se alguns idosos vão morrer nesse período... é um cálculo muito, muito perigoso", avalia Ryan.

A OMS rejeita a hipótese, pois ao contrário de possíveis cenários feitos por estudos no início da pandemia, o número de casos considerados graves poderia ser muito mais elevado proporcionalmente, com menos casos assintomáticos do que anteriormente se pensava. Se a doença se espalhasse sem qualquer controle, o número de vítimas fatais poderia chegar a milhões. Atualmente o total é de quase 280 mil mortos pela Covid-19 em todo o mundo.