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Rússia anuncia produção do primeiro lote da Sputnik V, a vacina contra a Covid-19

15/08/2020 13h04

As autoridades russas anunciaram neste sábado (15) que o país produziu o primeiro lote da vacina contra o coronavírus, anunciada no início da semana pelo presidente Vladimir Putin e recebida com ceticismo pelo resto do planeta.
 

O presidente Putin afirmou na terça-feira que uma primeira vacina "bastante eficaz" foi registrada na Rússia pelo Centro de Pesquisas de Epidemiologia e Microbiologia Nikolai Gamaleya, em Moscou, em associação com o ministério russo da Defesa. "O primeiro lote da nova vacina conta o coronavírus foi produzido no Centro de Pesquisas Gamaleya", anunciou o ministério da Saúde da Rússia em um comunicado, citado pelas agências de notícias do país.

Durante o anúncio, Putin também afirmou que uma de suas filhas foi vacinada com a Sputnik V, nome escolhido para a imunização, em uma referência ao satélite soviético colocado em órbita em 1957, em plena Guerra Fria. Cientistas ocidentais, no entanto, expressaram ceticismo em relação à eifcácia do produto.

Há consendo de que uma vacina desenvolvida de maneira precipitada pode ser perigosa, já que a fase final dos testes, onde milhares de pessoas recebem a imunização para avaliar a tolerância e a ocorrência de efeitos colaterais, começou esta semana.

Duas injeções

O diretor do Centro Gamaleya, Alexander Guinstbourg, afirmou neste sábado à agência TASS que os voluntários que participam na última fase receberiam duas injeções. O fundo soberano russo envolvido no desenvolvimento da vacina disse que a produção industrial começará em setembro e que 20 países já encomendaram mais de um bilhão de doses. O instituto Gamaleya foi acusado de não respeitar os protocolos habituais com o objetivo de acelerar o processo de fabricação e comercialização da vacina.

Até o momento, a Rússia não divulgou um estudo detalhado que permita verificar de maneira independente seus resultados. Com mais de 917.000 casos oficiais de COVID-19 registrados, a Rússia é o quarto país do mundo mais afetado pela pandemia (em número de contágios), atrás dos Estados Unidos, Brasil e Índia.

O novo coronavírus matou mais de 760.000 pessoas em todo o planeta e mais de 21,2 milhões foram infectadas, segundo balanço mais recente. A vacina é a única maneira de vencer o SARS-CoV-2, e existem cerca de 200 projetos em andamento em todo o mundo.  "C'est une décision irresponsable et imprudente.

"Uma campanha de vacinação em massa com uma vacina mal  testada não é ética", diz François Balloux, da University College de Londres. Segundo ele, o fracasso da imunização seria um desastre para a saúde das pessoas vacinadas e para a adesão da população em outras campanhas. Segundo a OMS, a possibilidade de obter uma imunização antes do segundo semestre de 2021 é remota.