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Investimento estrangeiro na América Latina cai pela metade em 2020 devido à pandemia

02/12/2020 14h51

Os investimentos estrangeiros diretos (IED) vão cair entre 45% e 55% em 2020 na América Latina devido à pandemia, segundo um relatório da Comissão econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), apresentado nesta quarta-feira (2). O documento destaca que setor de energias renováveis será o mais atrativo para investidores.

"Em um contexto em que os IED mundiais vão despencar de aproximadamente 40%, nós caímos mais do que o resto do mundo. É preocupante", declarou a secretária-executiva da agência, Alicia Barcena, durante uma coletiva online com a imprensa, em Santiago do Chile.

Aproximadamente US$ 160 bilhões foram aplicados na América Latina e no Caribe em 2019, 7,8% menos que em 2018. Esta tendência negativa se acentua em 2020, principalmente devido à pandemia de Covid-19.

"A retração é muito importante, não somente por causa da pandemia, que, sem dúvida participou, mas pela modificação das estratégias comercias", alerta Barcena.

A secretária-executiva também salientou que, desde 2012, - quando a região alcançou um nível recorde de investimentos devido ao crescimento do setor das commodities - a queda das aplicações estrangeiras foi quase constante. No entanto, o relatório da Cepal destaca que existe uma forte heterogeneidade entre os países.

Segundo dados de 2019, somente nove países observaram um aumento dos investimentos estrangeiros. Entre eles, o Brasil (43% do total), o México (18%) e a Colômbia (9%) ocupam os primeiros lugares. Enquanto que, para 17 nações, os fluxos diminuíram. Mas em 2020, a queda foi generalizada em todos os países da região.

Em 2021, a previsão de redução mundial do IED é de entre 5% a 10%, alcançando seu menor valor desde 2005.

Igualdade e sustentabilidade ambiental

O compromisso da América Latina e do Caribe feito na última década para atrair investidores estrangeiros do setor de commodities não é mais suficiente para manter o fluxo de capitais na região.    

A Cepal sugere que as energias renováveis devem constituir um novo atrativo nestes países. "Os IED oferecem oportunidades para um grande impulso a favor de uma nova economia durável, capitalizando sobre o dinamismo de projetos de energia renovável", indica o relatório.

Segundo a organização "os problemas estruturais das economias latino-americanas e caribenhas e os novos cenários internacionais fazem necessário que os investimentos estrangeiros diretos contribuam a promover um desenvolvimento com igualdade e sustentabilidade ambiental na região."