Vaticano considera "moralmente aceitáveis" vacinas produzidas a partir de fetos
O Vaticano incentivou os católicos a serem vacinados contra a Covid-19 nesta segunda-feira (21), explicando que todas as vacinas desenvolvidas são "moralmente aceitáveis", incluindo aquelas produzidas a partir de células de fetos abortados no século passado.
Uma nota publicada nesta segunda-feira (21) "sobre a moralidade do uso de certas vacinas anti-Covid-19", que revê as posições da Igreja nos últimos quinze anos, visa responder a questões específicas recebidas nos últimos meses sobre a pandemia.
"É moralmente aceitável receber vacinas contra a Covid-19 que usaram linhagens celulares de fetos abortados em seu processo de pesquisa e produção", explica a nota aprovada pelo Papa Francisco divulgada nesta segunda-feira pela Congregação para a Doutrina da Fé (Guardião do Dogma).
A Igreja Católica especifica que a ligação entre a pessoa que está sendo vacinada e os abortos realizados no século passado é "distante".
Células-tronco de fetos abortados nas décadas de 1960, 70 e 80 - reproduzidas em laboratório por décadas por meio de "linhagens celulares" - têm sido usadas por muitos pesquisadores para desenvolver vacinas anti-Covid-19, por exemplo dentro dos grupos AstraZeneca, Moderna e Pfizer, documentou o Instituto Europeu de Bioética em seu site.
Vacinas "éticas"
Em vários países do mundo, particularmente na América Latina, mas também na Austrália ou no Reino Unido, os bispos têm debatido o dilema das vacinas "moralmente éticas".
O Vaticano também afirma que "o uso dessas vacinas não implica endosso moral do aborto" e conclama as empresas farmacêuticas e agências de saúde do governo a "produzir, aprovar, distribuir e oferecer vacinas eticamente aceitáveis ??que não criem de problemas de consciência ".
Ainda que a vacinação em geral deva ser "voluntária", a Igreja destaca que é um ato pelo "bem comum" e "pela proteção dos mais fracos e expostos", uma declaração que se opõe claramente aos movimentos dos anti-vacina.
A Congregação para a Doutrina da Fé finalmente evoca o "imperativo moral" da indústria farmacêutica, governos e organizações internacionais em tornar as vacinas contra a Covid-19 "acessíveis até mesmo aos países mais pobres", repetindo assim um apelo do Papa Francisco.
Trump tomou medicação feita a partir de células de fetos abortados
Em outubro deste ano, logo após contrair o coronavírus, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante sua estadia no Hospital Militar Walter Reed, tomou uma droga desenvolvida com células humanas originalmente obtidas a partir de um aborto voluntário, prática denunciada repetidamente pelo presidente norte-americano e por muitos de seus apoiadores.
"A droga é um coquetel de anticorpos desenvolvido pela Regeneron", explicou o jornal britânico The Guardian na ocasião. "O presidente recebeu uma infusão de 8 gramas quando foi hospitalizado no fim de semana após teste positivo para Covid-19. Não há cura para a Covid-19 e o medicamento não foi aprovado [segundo o cânone científico]", destaca.
Segundo o jornal inglês, as células usadas para desenvolver a droga são conhecidas como HEK-293T, uma linhagem de células especialmente usada em laboratórios. Elas foram originalmente derivadas de um rim embrionário após um aborto realizado na Holanda, na década de 1970.
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