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Bilhões de pessoas comemoram o Ano Novo em casa por causa da Covid-19

31/12/2020 06h18

Diferente de outros anos, o mundo se prepara para virar a página do ano 2020, marcado pelo novo coronavírus, em privacidade, já que a pandemia impõe bilhões de pessoas a celebrarem a data em casa. No lugar de grandes festas, na maioria dos países, novas ondas epidêmicas da Covid-19 estão obrigando as pessoas a  acompanharem as comemorações de seus sofás. De Sydney a Roma, eles assistirão aos fogos de artifício e shows atrás da televisão ou da tela de computador, isso onde as festividades não foram canceladas.

Depois de um ano muito difícil, em que pelo menos 1,7 milhão de pessoas morreram por causa do novo coronavírus, o pequeno arquipélago de Kiribati e as Ilhas Samoa, no Pacífico, serão os primeiros a celebrar a chegada de 2021, às 10 GMT (7 horas de Brasília), enquanto as ilhas americanas de Howland e Baker, no Pacífico equatorial, terão de esperar 26 horas a mais para a passagem do ano.

Embora em grande parte preservadas da pandemia, as nações do Pacífico passarão por um Ano Novo atípico devido ao fechamento de fronteiras, ao toque de recolher e outras medidas de restrição. Perto de Apia, a capital de Samoa, Tuiataga Nathan Bucknall é gerente do resort Taumeasina. Ele se orgulha de poder acomodar um grande número de hóspedes em sua propriedade cercada de palmeiras. Porém, devido ao estado de emergência em vigor, ele terá que "deixar de servir bebidas alcoólicas às 23h".

Em Sydney, a maior cidade da Austrália, os famosos fogos de artifício do Ano Novo serão disparados sobre a baía, mas quase totalmente na ausência de espectadores, após o surgimento de um recente surto de contaminação no norte da cidade, que já contabiliza cerca de 150 casos. Um plano inicial, de permitir que 5.000 pessoas que trabalham na linha de frente na luta contra a epidemia participassem da comemoração, como forma de agradecimento por seus esforços, foi abandonado. A maioria dos residentes terá de se contentar em assistir ao espetáculo na televisão, em companhia de um número limitado de cinco convidados.

Também é de casa que os romanos vão assistir às festividades marcadas para acontecer no Circus Maximus, a arena mais antiga da cidade. O programa terá duas horas de duração e contará com a iluminação dos locais mais emblemáticos de Roma.

A Itália, onde no início do ano fotos de necrotérios improvisados ??e profissionais de saúde exaustos alertaram o resto do planeta sobre a gravidade da crise sanitária, está sujeita a um lockdown até o dia 7 de janeiro e a um toque de recolher, a partir de 22 horas.

A Nova Zelândia, onde apenas algumas restrições permanecem, é um dos únicos lugares do planeta onde as pessoas podem celebrar a transição para 2021 e até mesmo assistir aos fogos de artifício.

Segurança reforçada

Da França à Letônia, passando pelo Brasil, policiais e, em alguns casos, soldados serão destacados para garantir o cumprimento do toque de recolher ou a proibição de aglomerações.

Em Londres, uma das metrópoles mais afetadas da Europa, a cantora norte-americana Patti Smith, de 74 anos, fará um show ao vivo, em homenagem aos profissionais do NHS, o sistema público de saúde do Reino Unido. O evento será exibido ao vivo, na tela do Piccadilly Circus e transmitido pelo YouTube.

Em Dubai, apesar dos novos casos de Covid-19, a expectativa é que milhares de pessoas assistam a um show de fogos de artifício e laser no Burj Khalifa, a torre mais alta do mundo. Todos os presentes precisarão usar máscara ou se registrar usando um código QR.

Em Beirute, cidade que ainda se recupera da explosão devastadora de 4 de agosto no porto, as autoridades também relaxaram as restrições. O toque de recolher foi adiado para 3h da manhã. Bares, restaurantes e boates reabriram para grandes festas de fim de ano. As redes sociais estão cheias de fotos e vídeos de clubes e restaurantes lotados, levando as autoridades a preconizar  novas restrições após as festividades.

Um 2021 ainda difícil

No Brasil, país que já registrou mais de 193.000 mortes de Covid-19 - o segundo maior número em todo o mundo - o famoso réveillon da praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi cancelado. Contudo, os médicos temem uma nova onda da Covid-19. Vídeos de pessoas festejando sem máscaras circulam nas redes sociais e a televisão veicula imagens de policiais fechando bares lotados de clientes.

"O pico da pandemia foi entre maio e julho, época em que não havia muito movimento e tínhamos mais cuidados. Agora, já são muitos os casos e as pessoas estão agindo como se não houvesse pandemia", alerta Luiz Gustavo de Almeida, microbiologista da Universidade de São Paulo.

Em suas saudações de Ano Novo, a chanceler alemã, Angela Merkel, advertiu que essa crise "histórica" ??do coronavírus deve continuar em 2021, mesmo que a vacina traga "esperança".

(Com informações da AFP).