Rejeição à vacina contra covid-19 é mais alta entre mulheres na França
O ano de 2021 começou na França marcado pelas mesmas polêmicas envolvendo a campanha de vacinação contra a covid-19 e as medidas de prevenção para evitar a temida terceira onda da epidemia. Uma pesquisa do Instituto Odoxa para o jornal Le Figaro e a o site de informações Franceinfo mostrou que 58% dos franceses não pretendem, por enquanto, se vacinar contra o coronavírus. Ao mesmo tempo, 53% dos entrevistados estimam que a vacinação é uma etapa decisiva para erradicar a epidemia.
A rejeição à imunização aumentou 8 pontos em relação ao mês anterior, quando foram anunciadas as primeiras vacinas. A resistência à vacinação é bem maior entre as mulheres: 69% das entrevistadas se opõem à vacina, contra 54% dos homens.
A pesquisa revela uma série de disparidades. As pessoas com idades acima de 65 anos, para quem a covid-19 é mais letal, são as mais propensas à vacinação, à altura de 58% dos entrevistados, contra 32% entre os franceses da faixa etária de 35 a 49 anos. Quanto ao meio social, a maioria dos trabalhadores (73%) rejeitam a vacina, enquanto 62% dos franceses com cargos executivos querem tomar as injeções.
Politicamente, a análise também é interessante: a relutância mais forte pode ser observada no eleitorado de extrema direita e de extrema esquerda. Segundo o levantamento, 68% dos eleitores da líder populista Marine Le Pen rejeitam a vacina. No caso dos simpatizantes do líder da esquerda radical Jean-Luc Mélenchon, 60% são contra a imunização. Entre os eleitores do presidente Emmanuel Macron, 56% acreditam que essa é a melhor solução para acabar com a epidemia.
Lentidão do governo é criticada
Em seu editorial, o jornal Le Figaro critica a lentidão da campanha de vacinação na França, em comparação com o número de pessoas imunizadas no Reino Unido, na Alemanha ou em Israel. Até 1° de janeiro, segundo dados oficiais, apenas 312 franceses tinham sido vacinados, contra milhares de cidadãos nos países onde a campanha começou em dezembro.
O diário progressista Libération cobra das autoridades francesas uma explicação transparente sobre as razões dessa demora. Por outro lado, a imprensa informa que, devido às críticas dos últimos dias, o governo decidiu antecipar em um mês o início da vacinação em profissionais da saúde com idades acima de 50 anos.
O jornal Le Parisien destaca que o retorno às aulas hoje de alunos do ensino elementar e médio será de alto risco, por causa da variante do coronavírus mais contagiosa descoberta no Reino Unido. Essa mutação também se transmite de maneira mais rápida entre crianças e adolescentes, adverte o jornal. Por precaução, o Reino Unido decidiu adiar a volta às aulas nas regiões mais afetadas do país, informa o Le Parisien.
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