Le Monde destaca "a vitória decisiva de Bolsonaro no Congresso"
O jornal Le Monde desta quarta-feira (3) traz uma reportagem sobre as mudanças no Congresso brasileiro. O correspondente no país avalia que o presidente do Brasil "pode respirar aliviado". No dia 1º de fevereiro, os dois candidatos apoiados por Jair Bolsonaro ganharam a disputa para presidir as duas casas do Congresso Nacional, "afastando temporariamente a abertura de um processo de impeachment" contra o presidente.
No Senado, Rodrigo Pacheco (DEM) ganhou no primeiro turno, reunindo votos tanto da esquerda quanto da direita. Mas de acordo com a reportagem, a atenção maior estava voltada para a Câmara dos Deputados, já que o seu presidente tem o poder de desencadear o processo de destituição do chefe de Estado.
Depois de uma disputa acirrada, o candidato apoiado pelo Executivo, Arthur Lira (PP) foi eleito com folga. "Eu sou um deputado como os outros (...), toda a glória é efêmera", declarou o vencedor, jurando que iria "ajudar o povo a enfrentar as dores e os dramas da pandemia". A reportagem ainda destaca que o Brasil alcançou a marca de 225.000 mortos por causa da Covid-19.
O Le Monde explica que tanto Pacheco quanto Lira vêm do chamado "centrão", um grupo formado por cerca de quinze movimentos políticos do centro e de direita, que controlam um terço dos assentos no Parlamento e "trocam de alianças conforme as circunstâncias", destaca o texto.
O diário francês afirma que Bolsonaro, um ex-deputado, conhece bem a sutilezas da negociação parlamentar no Brasil e não poupou promessas de recursos e indicações para cargos públicos, para conseguir eleger seus candidatos: o governo brasileiro teria desbloqueado R$ 3 bilhões em "recursos extraordinários" para financiar projetos de infraestrutura nas regiões de atuação de 285 deputados, observa o correspondente.
Pedidos de impeachment na gaveta
A reportagem do Le Monde frisa que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM) tentou de tudo para barrar a vitória dos aliados de Bolsonaro, inclusive ameaçando autorizar a abertura de um processo de impeachment contra o presidente, que assumiu o posto prometendo acabar com a política do "toma lá, dá cá".
O jornal lembra que Jair Bolsonaro é ameaçado por dezenas de pedidos de destituição no Congresso Nacional, embasados em "sua gestão catastrófica da crise da Covid-19" e por, no exterior, expor o país a sanções comerciais em decorrência do desmatamento da Amazônia. A chegada de Arthur Lira à presidência da Câmara, escreve o diário francês, "vai dar mais previsibilidade e transparência" ao trabalho parlamentar, num momento em que Bolsonaro precisa de apoio.
No Brasil dos escândalos políticos, o próprio Lira enfrenta processos na Justiça, observa o texto. Porém, sua eleição pode ajudar Bolsonaro a chegar até o fim de seu mandato e sonhar com uma reeleição em 2022. O jornal encerra dizendo que, atualmente, 53% dos brasileiros são contra o impeachment do presidente.
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