Arsenais nucleares atingem número mais baixo desde fim da Guerra Fria, aponta relatório
O declínio das armas nucleares em todo o mundo sofreu a maior desaceleração em 2020 desde o final dos anos 1950, conforme as potências atômicas se modernizaram e, em alguns casos, expandiram seus arsenais. As informações constam de um relatório divulgado nesta segunda-feira (14) pelo Instituto Internacional de Pesquisas para a Paz de Estocolmo (Sipri).
No início de 2021, as nove nações equipadas com esse tipo de arsenal - Rússia, Estados Unidos, Reino Unido, França, China, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte - contabilizavam 13.080 armas nucleares, 320 a menos do que no início de 2020, segundo cálculos do Sipri. Essa redução, porém, considera ogivas que aguardam a desmontagem. Se isso não ocorrer como previsto, o estoque de armas nucleares terá aumentado de 9.380 para 9.620 no período.
A quantidade de armas nucleares efetivamente implantadas em mísseis ou dentro das forças operacionais também aumentou, subindo em 105 unidades em um ano para 3.825 ogivas. Entre estas, 2.000 estão em "estado de alerta operacional elevado", ou seja, podem ser utilizadas a qualquer momento.
Número mais baixo desde anos 1950
Desde seu nível mais elevado em 1986 (mais de 70.000 ogivas), o número de armas atômicas caiu drasticamente, baixando por exemplo de 22.600 unidades em 2010 (das quais cerca de 7.500 estavam operacionais na época), de acordo com dados do Sipri. O total de 2021 é aparentemente o mais baixo desde o final dos anos 1950.
Hans Kristensen, pesquisador do Sipri, comemora a "pausa" nos arsenais nucleares desde o fim da Guerra Fria. "Estamos observando programas de modernização nuclear muito importantes em todo o mundo e em todos os Estados que possuem armas nucleares", diz. No entanto, destaca "um aumento significativo" deste tipo de equipamento nas estratégias militares de alguns países.
Essa tendência é observada tanto na Rússia quanto nos Estados Unidos, que têm mais de 90% das armas nucleares do planeta: 6.255 (-120) e 5.550 (-250), respectivamente, segundo o Sipri. Embora ambas as potências tenham continuado com o desmantelamento de ogivas que não estavam mais operacionais, no início de 2021, elas tinham cerca de 50 a mais em "implantação operacional" do que no ano anterior.
O tratado assinado entre Moscou e Washington, o "New Start" - que visa manter seus arsenais nucleares abaixo do nível da Guerra Fria - foi prorrogado no início de 2021 por mais cinco anos. Para Kristensen, o compromisso é importante para "criar estabilidade", considerando que outros acordos, como o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (INF), expiraram nos últimos anos.
Porém, o novo governo Biden "indica muito claramente que continuará com a maior parte do programa de modernização nuclear que estava em andamento durante os anos Trump", aponta o pesquisador.
US$ 72 bi para armas nucleares
De acordo com um relatório da Campanha Internacional pela Abolição das Armas Nucleares (Ican, sigla em inglês), publicado no início de junho, as potências atômicas destinaram US$ 72 bilhões a seus arsenais em 2020, um aumento de US$ 1,4 bilhão.
Pelos cálculos do Sipri, a China tinha 350 ogivas nucleares (+30) no começo de 2021, superando as 290 da França (estável), 225 do Reino Unido (+10), 165 do Paquistão (+5), 156 da Índia (+6) e 90 de Israel (estável).
Em relação à Coreia do Norte, o instituto de pesquisa sueco acredita que o país poderia construir de 40 a 50 ogivas com o material fóssil produzido pelo regime de Kim Jong-Un, mas que seu número real permanece "muito impreciso".
No próximo mês de agosto, os membros do Tratado de Não Proliferação (TNP), que reúne a maioria dos países do mundo, devem se reunir em Nova York para uma revisão quinquenal.
(Com informações da AFP)
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