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Terceira dose diminui ritmo de internações na quarta onda de Covid em Israel

23/08/2021 07h57

O efeito aparentemente positivo da terceira dose da vacina contra a Covid-19 é comemorado em Israel, que enfrenta uma quarta onda de coronavírus por causa da variante delta e da queda da eficácia dos imunizantes.

Daniela Kresch, correspondente da RFI em Israel

Israel é o primeiro país do mundo a realizar uma campanha de imunização em massa de uma dose extra da vacina da Pfizer-BioNTech contra a Covid-19. A decisão foi aprovada pelo primeiro-ministro Naftali Bennett depois de muita hesitação entre especialistas, que não estavam seguros sobre os efeitos e a eficácia da medida.

Diante do aumento drástico e rápido de novos casos de coronavírus em Israel, Bennett apostou novamente nas vacinas para evitar um novo lockdown, que seria o quarto desde março de 2020. Em comunicado à nação, ele afirmou ser contra mais um fechamento da economia, dizendo que isso "destruiria o futuro do país".

Em junho, Israel havia registrado zero novos casos e mortes, mas uma nova onda de Covid-19, a quarta desde o início da pandemia, começou com a chegada da variante delta ao país, no começo de julho. Rapidamente, os números alcançaram novos patamares: no dia 3 de agosto, por exemplo, foram 4 mil novos casos em apenas 24 horas, com 10 mortes. Duas semanas depois disso, os novos casos diários já eram 8 mil, com uma média de 20 mortes por dia.

Mais de 60% dos idosos já receberam reforço

A nova rodada de imunizações começou em 30 de julho, com o reforço sendo aplicado apenas em pessoas com mais de 60 anos de idade. Até agora, mais de 60% das pessoas de 60 a 69 anos receberam a dose extra. Na faixa dos 70 a 79 anos, o percentual aumenta para 74,6%.

Há cerca de dez dias, a idade baixou para 50 e na sexta-feira (20) caiu para maiores de 40 anos. Em breve, a idade mínima será 30 anos. No total, cerca de um milhão e meio de moradores de Israel já receberam o reforço vacinal, cerca de 16% da população.

Israel é um dos países com mais vacinados por duas doses do mundo, com 59% da população imunizada, ou 74% dos maiores de 12 anos. Mas, segundo os especialistas, as vacinas da Pfizer, as principais utilizadas em Israel, apresentam uma queda de eficácia progressiva após cinco meses. E como Israel começou a vacinar no fim de dezembro de 2020, grande parte dos imunizados com duas doses já estava menos protegido quando a variante delta chegou ao país.

Dados positivos

Ao que tudo indica, a aposta do premiê Bennett está dando bons resultados. Os dados positivos do novo esforço de vacinação em massa já estão sendo observados. Os hospitais do país registram menos novos casos graves, com as internações ainda crescendo, mas num ritmo bem menor e bem abaixo da expectativa, caso nada fosse feito. O Ministério da Saúde estimava que mais de 900 pessoas estariam internadas, neste momento, mas o número atual é de pouco mais de 650.

O plano de saúde Maccabi, o segundo maior do país, também divulgou dados otimistas. Segundo os dados do Maccabi, o reforço tem se mostrado 86% eficaz na prevenção de novos casos entre idosos. Isso é ótimo, considerando que a eficácia da segunda dose já havia caído para apenas 16%. De cerca de 150 mil pessoas que receberam a terceira dose, só 37 pegaram coronavírus. Esse número é superior 1.000 para quem ainda não recebeu o reforço.

Esse e outros resultados começam a demonstrar sem sombra de dúvidas que uma dose extra é necessária, principalmente diante de novas variantes.

Outras estratégias para frear 4ª onda

Mas Israel está adotando também outras medidas contra a nova onda de Covid. Depois de ter suspendido o uso de máscara, o governo restituiu a obrigação de uso delas em locais fechados sob pena de multa. Também voltaram quase todas as restrições quanto a aglomerações e distanciamento social. Isso inclui o chamado "Passe verde", que permite somente a vacinados com duas doses entrar em locais como restaurantes, hotéis, estádios, teatros, cinemas e academias.

Além disso, as autoridades estão adotando outras estratégias, como a realização de testes rápidos de antígenos em crianças de 3 a 11 anos, que ainda não podem se vacinar. Os pais precisam apresentar o resultado negativo de um teste rápido de Covid antes de levar os filhos a cinemas, teatros, museus, piscinas, parques de diversão e outros locais públicos. Os testes são realizados gratuitamente em centenas de pontos por todo o país. Os resultados saem em 15 minutos e valem por 24 horas.

O aeroporto internacional está aberto, mas quem desembarca de mais de 40 países precisa fazer quarentena. Os israelenses também estão proibidos de visitar 14 países, incluindo o Brasil, a Argentina, a Índia, a Turquia e o Reino Unido.

Mas a maior preocupação, agora, é com o início do ano letivo, em 1° de setembro. O Ministério da Saúde está realizando testes sorológicos para checar presença de anticorpos em todas as crianças de 3 a 11 anos e planeja realizar testes rápidos de coronavírus para essa faixa de idade antes de cada dia escolar. No caso de alunos com mais de 12 anos, não haverá testagem diária, mas uma classe que não tiver 70% de alunos vacinados estudará remotamente.