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Biden reativa Quad com acordos entre segunda aliança de pressão contra a Cinha

25/09/2021 09h48

Estados Unidos, Japão, Índia e Austrália se comprometeram a trabalhar por uma região Indo-Pacífico "livre e aberta", durante encontro de líderes do Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad) na Casa Branca. Reunidos durante duas horas na sexta-feira (24) em Washington, Joe Biden e os chefes de governo australiano, Scott Morrison, japonês, Yoshihide Suga, e indiano, Narendra Modi, apresentaram uma frente unida em sua preocupações sobre a China.

O presidente dos Estados Unidos encorajou o renascimento dessa antiga aliança, e os líderes fecharam acordos em várias áreas, que vão desde a pandemia do coronavírus, por meio de doações de vacinas, até intercâmbios acadêmicos. Mas para Joe Biden, o Quad é acima de tudo um elemento estratégico para conter a crescente influência da China na região Indo-Pacífico e marca o início de uma grande mudança na diplomacia americana. 

No comunicado final divulgado após o encontro, os quatros países afirmam defender "o Estado de Direito, a liberdade de navegação e de sobrevoo [da região Indo-Pacífico], a resolução pacífica de conflitos, princípios democráticos e de integridade territorial dos Estados". A China não é mencionada no documento. No entanto, Pequim, que chegou a declarar que essa aliança estava "fadada ao fracasso",  acompanha atentamente a movimentação diplomática americana.

Na Casa Branca, Morrison e Suga saudaram o encontro que, segundo eles, teve como objetivo promover "uma região do Indo-Pacífico livre e aberta". O premiê indiano insistiu nos "valores democráticos compartilhados" pelos quatro sócios.

"Somos quatro democracias de primeiro nível, com uma longa história de cooperação, sabemos como fazer as coisas avançarem", disse o anfitrião, Biden. O Quad foi esboçado depois do tsunami devastador de 2004 no oceano Índico e formalizado em 2007, mas estava inativo há muito tempo. 

Iniciativa consensual

Enquanto a crise diplomática franco-americana dos submarinos se atenua gradualmente, Washington prossegue a "guinada para a Ásia" de sua política externa, um objetivo acalentado pelo ex-presidente Barack Obama (2009-2017). Depois do anúncio do Aukus, como é conhecido o acordo com o Reino Unido e a Austrália - e do seu contrato de submarinos de propulsão nuclear que enfureceu a França -, Biden quer apresentar o Quad sob uma luz de consenso. Não há um objetivo "militar", insistiram, assegurando que o Quad seria complementar a outras iniciativas regionais, como a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

Biden fez tudo o que pôde para minimizar o aspecto de segurança nessa retomada de diálogo com os parceiros asiáticos e da Oceania. Além das doações de vacinas, o grupo anunciou um futuro acordo para aumentar a segurança das linhas de produção de semicondutores, componentes eletrônicos essenciais para a indústria. O primeiro-ministro japonês disse que foram assinados acordos de cooperação na área espacial e de energias limpas.

Nessa mudança de estratégia dos EUA, os europeus e membros da OTAN permanecerem aliados de Washington, mas perdem em importância ante os interesses americanos na região do Indo-Pacífico. O chanceler francês, Jean-Yves Le Drian fez contatos com os colegas indianos e japoneses, certamente para avaliar o impacto do Quad em seu relacionamento.

Carrie Nooten, correspondente da RFI em Nova York, e AFP