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Nigéria, país mais populoso da África, detecta primeiros casos da variante ômicron

Vacinação em Lagos, na Nigéria; número de pessoas imunizadas no país é extremamente baixo - Pius Utomi Ekpei/AFP
Vacinação em Lagos, na Nigéria; número de pessoas imunizadas no país é extremamente baixo Imagem: Pius Utomi Ekpei/AFP

01/12/2021 06h22

A variante ômicron continua sua progressão pelo mundo. A Nigéria, país mais populoso do continente africano, anunciou hoje ter detectado os primeiros casos da linhagem em seu território.

Análises "identificaram e confirmaram os primeiros casos na Nigéria do B.1.1.529 Sars-CoV-2, atualmente conhecido sob o nome de variante ômicron", declarou o responsável do Centro Nigeriano do Controle de Doenças (NCDC), Ifedayo Adetifa. Segundo ele, a cepa foi descoberta em testes de três viajantes que chegaram na semana passada ao país vindos da África do Sul.

Segundo as autoridades sanitárias nigerianas, os três indivíduos estão cumprindo quarentena. Pessoas com quem os infectados tiveram contato estão sendo procuradas para serem testadas.

Desde o início da pandemia de covid-19, a Nigéria registrou oficialmente 214.113 casos da doença e 2.976 mortos. No entanto, com 210 milhões de habitantes e com uma quantidade baixa de testes, a quantidade de infecções e óbitos é subestimada.

Apesar de ter lançado recentemente uma campanha de vacinação contra a covid-19, o número de pessoas imunizadas é extremamente baixo. Apenas 3,5 milhões de nigerianos completaram o esquema vacinal. Para tentar lutar contra a progressão da doença no país, o governo nigeriano afirmou que pretende imunizar 112 milhões de pessoas até o final de 2022, ou seja, 70% da população adulta.

O anúncio da descoberta da ômicron na Nigéria coincide com a chegada do presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, a Abuja, capital nigeriana. Essa é a primeira etapa de uma viagem oficial do chefe de Estado pelos países do oeste da África.

OMS é contra o fechamento das fronteiras

Depois do anúncio da identificação da variante ômicron na África do Sul, a Nigéria determinou que todos os viajantes realizem um teste dois dias depois de chegarem ao país. No entanto, diferentemente de várias nações nos últimos dias, nenhuma medida foi anunciada em relação aos voos provenientes do sul do continente africano.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) alertou ontem que as proibições de viagens impostas pelos países "não impedirão" a disseminação da variante ômicron. Desde que foi identificada pela África do Sul, em 24 de novembro, a cepa foi registrada em vários países, inclusive pelo Brasil, que anunciou dois casos ontem.

Em um comunicado divulgado logo depois, a entidade afirmou que as pessoas que não estão com o esquema vacinal completo e têm risco de desenvolver forma grave da covid-19 "são aconselhadas a adiar suas viagens às zonas de transmissão local". O diretor da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, também pediu "calma" e que os governos "de maneira racional" e "proporcional" a essa nova fase da pandemia.

Tedros disse compreender "a preocupação de todos os países por proteger seus cidadãos", mas expressou preocupação com o fato de várias nações implantarem "medidas gerais e brutais que não são fundamentadas em evidências, nem são eficazes por conta própria, e que apenas agravarão as desigualdades". Segundo ele, essas medidas "podem ter um impacto negativo sobre os esforços globais de saúde durante a pandemia, desencorajando os países a relatar e compartilhar dados epidemiológicos e de sequenciamento".

(Com informações da AFP)