Profissionais de saúde da Bélgica protestam contra projeto do governo de impor vacinação anticovid
As ruas de Bruxelas foram palco nesta terça-feira (7) de um protesto contra um projeto de lei que pode impor a vacinação anticovid a todos os profissionais de saúde do país. Caso seja aprovada, a medida entrará em vigor no início de 2022.
Segundo a polícia belga, a marcha reuniu quase quatro mil pessoas; cinco mil segundo a Confederação de Sindicatos Cristãos do país, que convocou a manifestação. O ato terminou em confrontos entre policiais e militantes perto do escritório do ministro belga da Saúde, Frank Vandenbroucke.
Uma pequena minoria - cerca de 10% dos profissionais de saúde da Bélgica - não se vacinaram contra a Covid-19. No entanto, os manifestantes atraem a atenção da população ao denunciar que, caso a medida se torne compulsória, muitos trabalhadores do setor não poderão exercer mais suas profissões, prejudicando ainda mais a situação nos hospitais e centros de saúde.
"Hoje já sofremos com a falta de profissionais. Se impedirmos nossos colegas não vacinados de irem trabalhar, muitos pacientes não poderão ser tratados", explicou uma enfermeira belga durante a marcha. "Em alguns hospitais, burn-outs se multiplicam. Há locais que registram um profissional de saúde doente em cada cinco. Isso não é normal", declarou outro manifestante.
No entanto, diante de um nova onda de Covid-19 na Europa, o governo do liberal Alexander De Croo parece convencido a tornar a vacinação obrigatória aos trabalhadores do setor a partir de 1° de janeiro de 2022. Aqueles que recusarem a imunização poderão ser suspensos desde o primeiro dia em que a medida entrar em vigor, mas dispondo de um período para decidir sobre manter seus contratos.
A ameaça de uma demissão após três meses de resistência à vacinação foi uma ideia abandonada depois de intensos debates entre os membros da coalizão no poder. A versão inicial do projeto de lei foi rejeitada pelo líder socialista Paul Magnette. No entanto, o texto, que ainda deve ser submetido ao Conselho de Estado, só deve entrar na agenda do Parlamento belga no início de janeiro, o que provavelmente modificará a data inicial prevista pelo governo para que a medida entre em vigor.
Hospitais contra o governo
Os sindicatos avaliam que a obrigação da vacinação anticovid pode agravar ainda mais situação nos hospitais belgas. Vários estabelecimentos estão tendo que diminuir a capacidade de acolhimento devido à atual falta de profissionais. Muitos centros de saúde anunciaram que não poderão cumprir a lei, caso o projeto seja aprovado.
"Esse projeto de lei é um abuso", afirmou à emissora belga RTBF Joelle Durbecq, enfermeira-chefe das clínicas universitárias Saint-Luc, em Bruxelas. Segundo ela, apenas neste estabelecimento, cerca de 70 profissionais poderão ser suspensos, em um momento em que o local precisa de mais de 200 trabalhadores para funcionar em sua total capacidade.
"É impossível aplicar essa lei a partir de 1° de janeiro de 2022: os horários de trabalho de janeiro já foram determinados e necessitam da presença dos profissionais não vacinados", ressaltou a Confederação de Sindicatos Cristãos.
Caso a medida entre em vigor, a Bélgica se unirá a outros países europeus que impuseram a vacinação anticovid a seus profissionais de saúde, como França, Itália e Grécia. No Reino Unido, a imunização compulsória dos trabalhadores deste setor passa a ser obrigatória em 1° de abril de 2022.
(Com informações da AFP)
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