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Direitos dos animais deve pesar em eleição presidencial, em meio ao debate sobre a caça na França

22/02/2022 10h56

A defesa dos animais vai contar na corrida pelos votos nas eleições presidenciais de abril na França, em meio ao debate sobre medidas restritivas à caça no país, após a morte de uma jovem no sábado (19) com uma bala perdida de uma caçadora menor de idade.

"Os animais vão pesar" na balança na hora do voto, de acordo com Le Parisien, que revela uma pesquisa feita pela fundação Brigitte Bardot indicando que 86% dos franceses querem que os candidatos às presidenciais se posicionem sobre os direitos dos animais. A metade dos eleitores também afirma que a posição dos concorrentes ao Eliseu sobre o assunto poderia influenciar o voto.

Fortalecida pelo impacto midiático de seu combate, a associação de defesa dos animais L214 até criou um site (politique-animal.fr) para avaliar cada candidato de acordo com seu engajamento sobre a questão, as declarações feitas no passado e com as promessas de campanha.

De acordo com o jornal, alguns candidatos não perderam tempo e posaram ao lado de seus animais de estimação, o ecologista Yannick Jadot com sua gata e a candidata de extrema-direita, Marine Le Pen, com seus seis felinos. Já o atual presidente, Emmanuel Macron, marcou pontos com o eleitorado ao adotar, no início do mandato, um cachorro vira-lata.

O jornal lembra que os candidatos terão de se posicionar sobre o espinhoso tema da caça, em meio ao debate nacional sobre limitação da atividade. No sábado, uma jovem que fazia uma trilha em um parque morreu atingida por uma bala disparada por uma caçadora de apenas 17 anos, causando comoção na França.

Os candidatos terão de enfrentar o poderoso lobby da caça, diz Le Parisien, muito próximo ao meio rural. Na França, um milhão de pessoas têm permissão para caçar.

Eleições sem suspense

O Le Figaro diz que a corrida pelo voto tem dificuldades de mobilizar os franceses em comparação com as eleições de 2017. De acordo com o jornal, na mesma época, há cinco anos, "a França vivia ao ritmo das presidenciais, que cada dia traziam sua porção de reviravoltas": o presidente François Holande que decidiu não tentar uma reeleição, o favorito da direita, François Fillon, que "degringolou" devido à denúncias de corrupção e a chegada do "meteoro" Emmanuel Macron na disputa.

Além disso, no mesmo período nas eleições passadas, "81% dos franceses se diziam interessados" pelo assunto. Atualmente, segundo o jornal, o número caiu para 71%.

Para Le Figaro, outro critério que mostra o desinteresse dos eleitores é que apenas 52% dos franceses conversaram sobre eleições com pessoas próximas, de acordo com uma pesquisa do Instituto francês de opinião (Ifop) para a revista Paris Match. Uma queda de 26 pontos percentuais, em relação a 2017.

A impressão é "que o país se orienta sem grande suspense para uma reeleição de Emmanuel Macron", diz o jornal, enquanto o presidente, que a 47 dias do voto ainda não anunciou sua candidatura, estaria mais preocupado em resolver a crise entre Rússia e Ucrânia.

O Libération analisa as propostas dos candidatos sobre segurança pública, através dos 22 termos que mais aparecem nos discursos. O tema, que está sempre presente em ano de campanha presidencial, na maioria das vezes opõe esquerda e direita, principalmente quando se trata de violência policial, drogas e legítima defesa. Mas o jornal mostra que, em alguns casos, os dois lados estão de acordo, como sobre a necessidade de aumentar os efetivos policiais.