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Covid-19: "Pandemia está longe de acabar", alerta OMS

09/03/2022 16h10

Quase dois anos depois de pronunciar a palavra pandemia pela primeira vez ao falar da Covid-19, causando espanto no mundo inteiro sobre a gravidade da crise sanitária causada pelo coronavírus, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus afirmou, nesta quarta-feira (9), que ela "está longe de acabar".

"Nesta sexta-feira (11) fará dois anos desde que dissemos que a propagação da Covid-19 no mundo poderia ser descrita como uma pandemia", afirmou Ghebreyesus, em uma conferência de imprensa virtual, em Genebra. Embora a OMS tenha indicado, já há algum tempo, que o número de infecções e mortes está diminuindo, "esta pandemia está longe de terminar e não terminará em lugar algum se não conseguirmos combatê-la em todos os lugares", enfatizou.

O diretor da OMS lembrou que seis semanas antes de anunciar a pandemia, "quando apenas 100 casos haviam sido registrados fora da China e nenhuma morte", ele já declarara o mais alto nível de alerta sanitário da instituição - uma emergência de saúde pública de interesse internacional.

Essa classificação, no entanto, não alcançou efeito imediato. Em vez disso, a organização foi, posteriormente, criticada por demorar muito para agir contra o desastre iminente. "Dois anos depois, mais de 6 milhões de pessoas morreram", contabilizou Ghebreyesus.

Cai número de mortes e novas infeçções

Embora globalmente o número de novas infecções e mortes tenha caído 5% e 8%, respectivamente, de acordo com o relatório epidemiológico publicado semanalmente, a OMS observou um crescimento muito forte na região do Pacífico Ocidental. "O vírus continua evoluindo e ainda enfrentando grandes obstáculos para levar vacinas, testes e tratamentos onde quer que sejam necessários", insistiu Ghebreyesus.

A OMS diz estar preocupada que vários países tenham reduzido drasticamente o uso de testes para detectar novas variantes. "Isso nos impede de ver onde está o vírus, como ele se espalha e como evolui", alertou Ghebreyesus, lembrando que a estratégia de testes na África do Sul permitiu que a variante ômicron fosse identificada rapidamente, no final de novembro de 2021.

Face ao risco menor representado pela ômicron, a Áustria suspendeu, nesta quarta-feira, a vacinação obrigatória contra a Covid-19 no país. A lei, inédita na União Europeia, havia entrado em vigor no dia 5 de fevereiro, suscitando forte oposição de parte da população de 8,9 milhões de pessoas.

Total de mortes passa de 6 milhões

Conforme alertou o diretor da OMS, mais de seis milhões de mortes relacionadas à Covid-19 foram oficialmente registradas no mundo, desde o início da pandemia, em 2020, segundo uma contagem da AFP feita nesta terça-feira (8), a partir de balanços oficiais.

No total, 6.001.585 pessoas morreram de Covid-19 no mundo. Porém, o número de vítimas fatais nunca diminuiu tão rapidamente, em uma semana, desde o primeiro semestre de 2020. Nos últimos sete dias, foram registrados uma média de 7.170 óbitos diários, enquanto na semana anterior havia sido registrada uma média de 8.706 óbitos por dia, o que implica um decréscimo de 18%.

Após o pico da onda ligada à variante ômicron - muito mais contagiosa, mas de menor gravidade -, atingido entre 4 e 10 de fevereiro deste ano (11.142 mortes diárias), esse número está em declínio contínuo desde meados de fevereiro.

A África é o continente em que foi detectada a maior queda no número de mortes nos últimos sete dias, com 817 óbitos, contra 1.452 (-44% em relação à semana anterior).

Os balanços dos três países mais afetados pela pandemia também registraram queda: Estados Unidos (9.889 mortes nos últimos sete dias, -31%), Brasil (3.008, -36%) e Índia (1.259, -27 %).

Na Europa, a região com mais mortes desde o início da pandemia de coronavírus, o número de óbitos ligados à doença caiu 14% esta semana (19.050 contra 22.051 nos sete dias anteriores). Atualmente, muitos países europeus estão encerrando ou relaxando as restrições sanitárias.

A tendência de queda é observada, sobretudo, na Turquia (1.236 mortes nos últimos sete dias, -28%), Itália (1.250, -21%), França (1.084, -21%) e Polônia (1.234, -17%).

Sudeste asiático volta a preocupar

Em contraste, no Sudeste Asiático, foi observada uma retomada das infecções e mortes. Hong Kong registrou 290.987 casos esta semana (o dobro da semana anterior) e 1.543 mortes (mais do que o triplo).

Este balanço, que leva em conta os óbitos registados pelas autoridades nacionais de saúde, representa apenas uma parte das mortes ligadas à Covid-19. A Organização Mundial da Saúde estima que se for considerada a mortalidade direta e indiretamente relacionada à Covid-19, o balanço da pandemia pode ser duas a três vezes superior ao registrado oficialmente.

(Com informações da AFP)